Sampaoli exige investimentos para ficar e deve deixar o Santos

| 09/12/2019, 22:11 22:11 h | Atualizado em 09/12/2019, 22:13

srcset="https://cdn2.tribunaonline.com.br/prod/2019-09/372x236/sampaoli-santos-82d1beaf8e6dbc85d1d64cea4102862d/ScaleUpProportional-1.webp?fallback=%2Fprod%2F2019-09%2Fsampaoli-santos-82d1beaf8e6dbc85d1d64cea4102862d.jpg%3Fxid%3D99951&xid=99951 600w, Treinador do Santos comandou o treino na manhã desta quarta

Jorge Sampaoli, 59, não deve permanecer no Santos em 2020. A despedida foi sinalizada após quase quatro horas de reunião na manhã de segunda-feira (9), no CT Rei Pelé, entre o técnico argentino, acompanhado de um advogado, o presidente José Carlos Peres e William Thomas, superintendente de futebol do clube.

Sampaoli exige do Santos investimentos que permitam lutar pelo título da Copa Libertadores da América, competição que o clube assegurou vaga direta pela segunda colocação no Campeonato Brasileiro. De acordo com a sua assessoria pessoal, há muita distância entre o projeto esportivo desejado pelo treinador e as condições econômicas do Santos para a próxima temporada. Ele tem pressa por um desfecho.

O Santos gastou quase R$ 80 milhões com 14 contratações neste ano, número considerado, no mínimo, como ponto de partida pelo treinador para investimentos em 2020. Alguns nomes como o peruano Cueva, além dos colombianos Uribe e Felipe Aguilar terminaram o ano em baixa ou foram pouco utilizados.

Mesmo disputando a Libertadores, a proposta orçamentária do Santos, aprovada em 14 de novembro pelo Conselho Deliberativo, prevê movimentação financeira bem mais modesta se comparada a este ano. Serão R$ 249 milhões em receitas, R$ 130 milhões a menos do que em 2019, com estimativa de R$ 379 milhões.

O documento ainda registra R$ 69 milhões em vendas de jogadores, baseado em cálculo de negociações nas últimas temporadas, e não aponta a estimativa de compra de atletas, principal desejo de Sampaoli. Além do reajuste de um projeto esportivo, dirigentes do clube enxergam que a negociação ganhou contornos de dificuldades pelo assédio recente, que gerou competição financeira.

Desde que virou o principal alvo do Racing (ARG), o técnico informou que pleitearia reajuste contratual, com vencimentos superiores aos atuais -só o treinador ganha US$ 2,3 milhões de dólares líquidos anuais (R$ 9,6 milhões). Ele deseja maior reconhecimento, após o desempenho da equipe durante toda a temporada.

Esse não foi o único encontro entre clube e treinador para tentar definir rumos de sua permanência. Outra reunião ocorreu no sábado (7), na véspera da vitória por 4 a 0 diante do Flamengo, na Vila Belmiro, válido pela última rodada do Campeonato Brasileiro.

O argentino chegou a sugerir atletas ao departamento de análise e desempenho, mas foi informado que o clube ainda precisaria montar uma estratégia financeira para poder atendê-lo. O custo estimado em um ano com atletas que voltam de empréstimo e não têm espaço é de R$ 25 milhões.

Sampaoli ainda é o principal alvo do rival Palmeiras após a demissão do técnico Mano Menezes, no último dia 1º, mas garantiu em seguidas entrevistas que, até então, não abriu conversas com o clube paulista.

"Para mim, hoje os treinadores são objetos que se manipulam. Não chegou nenhuma oferta concreta para mim. Vou avaliar o meu futuro", disse.

A reportagem apurou que o desejo do técnico é permanecer no futebol brasileiro, mas não necessariamente no Santos. Ele está atento às possibilidades do mercado, sobretudo em equipes que possam oferecer um elenco mais competitivo, como é o caso do Palmeiras.

O contrato dele vai até dezembro de 2020, com multa vigente de US$ 2,5 milhões (R$ 10,5 milhões) em caso de rescisão. O clube assegura não ter registrado nenhuma mudança, como a liberação da multa a partir do próximo 1º de janeiro, e que todos os termos aditivos em contrato precisaram passar pelo Conselho.

"Agora, sim, vou começar a pensar no meu futuro. Até ontem [sábado] não pude pensar em nada", afirmou o treinador em entrevista coletiva no domingo (8). "Sou um profissional que sei até onde posso chegar com o que tenho. Tem processos de alegrias e de dores. Foi um dos lugares mais felizes que passei na minha carreira", acrescentou.

O Santos receberá R$ 31,3 milhões de premiação nos próximos dias pelo posicionamento no Brasileiro, mas parte do montante já será utilizado para realizar o pagamento de parte do 13º e duas parcelas de direito de imagem de alguns dos atletas.

Para o próximo ano, o clube não contará com dois titulares: o lateral esquerdo Jorge e o zagueiro Gustavo Henrique. O primeiro anunciou que voltará ao Monaco-FRA, clube que estava emprestado até o fim de dezembro, enquanto o defensor, com contrato até janeiro, afirmou que não permanecerá na Vila Belmiro.

Além deles, o Santos ainda corre riscos com relação a outros titulares como o zagueiro Lucas Veríssimo e o meia-atacante venezuelano Soteldo, um dos principais destaques da equipe na temporada.

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