Atletas capixabas lidam com ameaça do cancelamento das Olimpíadas

| 29/05/2020, 21:58 21:58 h | Atualizado em 29/05/2020, 22:24

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Em toda a história das Olimpíadas, desde 1896, apenas três edições foram canceladas: Berlim/1916, Tóquio/1940 e Londres/1944. Todas por causa das duas Guerras Mundiais.

Com o mundo lutando em uma guerra diferente, contra a pandemia do novo coronavírus, os Jogos Olímpicos correm o risco de serem cancelados pela quarta vez, o que mexeria com planos e sonhos dos atletas.

A possibilidade foi revelada pelo presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, no último dia 20. As Olimpíadas de Tóquio/2020, que aconteceriam inicialmente entre os dias 23 de julho e 8 de agosto, foram adiadas para 2021, mas podem ser canceladas caso a pandemia da Covid-19 não seja controlada, segundo Bach.

A declaração trouxe tristeza e preocupação a todos os atletas capixabas já classificados ou que ainda buscam uma vaga para a maior competição esportiva mundial. Afinal, um fim de ciclo olímpico teria impactos em suas carreiras.

Aos 34 anos, o nadador João Luiz Gomes Júnior vivia uma das melhores fases da sua carreira, antes da paralisação do esporte, e é um dos favoritos a conquistar uma das vagas no revezamento 4x100 m medley e no 100m peito, para ir aos Jogos pela segunda vez.

“É preocupação não só minha e dos atletas acima dos 30 anos, mas para todos. Se cancela um ciclo olímpico, aumentando para mais quatro anos, atletas novos que já estavam garantidos teriam que buscar a vaga de novo”, afirma João Luiz.

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É o que poderia acontecer com Paulo André Camilo. Homem mais rápido do Brasil, o velocista de 20 anos tem vaga garantida no revezamento 4x100m e índice para os 100m rasos, para sua primeira Olimpíadas. “Procuro não pensar nisso e manter a esperança que tudo vai dar certo, para que a vacina saia logo!”.

Em busca de sua terceira medalha olímpica, Alison Cerutti, de 34 anos, atual campeão olímpico e prata em Londres/2012, também tenta pensar positivo: “Espero que o mundo possa controlar o vírus, que o esporte possa voltar ao dia a dia das pessoas, com segurança e em segurança. Isso é o mais importante”.

Judoca capixaba já pensa em trocar de modalidade

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O futuro incerto dos Jogos Olímpicos de Tóquio tem feito até mesmo um atleta capixaba em mudar do tatame para o octógono. O judoca Nacif Elias, que defende o Líbano, estuda migrar para o MMA caso as Olimpíadas sejam de fato canceladas.

Ele, inclusive, já está treinando boxe e kickboxing para a possível mudança. Diferente de muitos esportes, o MMA voltou à atividade durante a quarentena com a realização de eventos do UFC, maior franquia da modalidade.

Além das incertezas, a pandemia também causou a suspensão dos salários que Nacif recebia do clube dele no Líbano.

“Se as Olimpíadas forem canceladas será uma falta de respeito com quem se mantém do esporte e com quem trabalhou a vida toda para realizar o sonho de uma medalha olímpica”, critica o judoca de 31 anos, que disputou as Olimpíadas do Rio/2016.

“Mas já estou me precavendo para uma possível migração. Eu não tinha ido para o MMA porque eu tinha uma estabilidade financeira no judô, mas com talvez o cancelamento das Olimpíadas e meu salário suspenso, estou pensando em ir para o MMA e já tenho quase tudo certo”, revela.
 

Apreensão também para os atletas paralímpicos

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Caso os Jogos Olímpicos de Tóquio/2020 sejam cancelados, o futuro das Paralimpíadas dessa edição seria o mesmo, o que também alteraria planos e sonhos de atletas capixabas paralímpicos.

O veterano Daniel Mendes, de 41 anos, planeja disputar no Japão suas últimas Paralimpíadas e resolveu esperar mais um ano com o adiamento da competição para 2021. Entretanto, se o torneio for mesmo cancelado por causa da falta de controle da pandemia do novo coronavírus, ele pode encerrar a carreira sem atuar na que seria a sua quarta participação na competição esportiva, onde começou em Pequim/2008.

O capixaba de Nova Venécia foi medalha de ouro no revezamento 4x100m rasos nos Jogos do Rio/2016, além de medalha de prata em Londres/2012 e bronze no Rio/2016 nos 200m rasos.

“A gente estava fazendo uma previsão de trabalhar neste ano, concluir as Paralimpíadas, para depois conversar com minha família e meu treinador e talvez esticar a carreira para mais um ano, para o Mundial de 2021, mas não para mais um ciclo olímpico”, explica Daniel, que estava próximo de garantir vaga nos 400m rasos para cegos (T11) para Tóquio/2020.

“Em Paris/2024 vou estar com 45 anos, então Paris ainda está longe do meu horizonte. Eu não poderia pensar no ciclo de quatro anos, mas sim ano a ano”, conta.

Enquanto Tóquio/2020 mexe com os sonhos de Daniel para um fim de carreira como ele planejou, a edição significa uma “saque nicial” para a carreira olímpica da capixaba Luiza Fiorese, de 22 anos, da seleção brasileira de vôlei sentado.

“Se não acontecer é algo que vai me frustrar um pouco, mas eu também tenho uma carreira muito grande pela frente”, afirma.

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