Escolas vão usar exemplos de outros países na volta às aulas
A pandemia do coronavírus criou um cenário novo na educação. Diante do desconhecido, escolas particulares estão se inspirando em outros países com o objetivo de traçar estratégias para as aulas presenciais, mesmo sem ainda ter data do retorno.
Na Europa, países que apresentam retração nos índices de contaminação já iniciaram a reabertura das instituições educacionais.
Entre as medidas que devem ser adotadas estão a checagem diária de temperatura, escalas de horários de entrada e saída para evitar aglomeração, distanciamento entre alunos nas salas e revezamento de grupos no presencial e no remoto.
A coordenadora de projetos da ONG Todos Pela Educação, Thaiane Pereira, reforça que a experiência de outros países pode ajudar a traçar estratégias. Ela aponta três aspectos que devem ser considerados.
“O primeiro é o protocolo de saúde, que se baseia em normas mundiais. Outras questões que podemos aproveitar as experiências de outros países são quanto o pedagógico e o acolhimento emocional de professores e alunos”.
O diretor da escola Monteiro, Eduardo Costa Gomes, reforça que o objetivo é “entender aspectos pontuais que funcionaram lá fora para adaptarmos aqui”.
“Não temos experiência para culturalmente conduzirmos esse processo. Vemos que o que aumenta a mitigação dos impactos da pandemia é envolver toda a comunidade escolar”.
No colégio Pio XII, aulas ao ar livre estão sendo consideradas, pois garantem melhor ventilação e comportam mais alunos com o distanciamento necessário, esclarece a diretora pedagógica Solaine Chibib.
“Vamos começar a trabalhar o tema com as crianças de forma remota para que, quando chegarem na escola, a adaptação seja mais fácil”, afirmou.
O diretor do colégio Pio XII, Cristiano Chibib, já está preparando o espaço ao ar livre para as aulas.
O Centro Educacional Leonardo Da Vinci já definiu seu plano de retorno ao presencial. Segundo o diretor-geral, Ilton Chaves, o trabalho teve como base boas práticas internacionais obtidas por meio de uma consultoria com acompanhamento de um infectologista.
SAIBA MAIS
Reino Unido
- Reabriu parte de suas escolas em junho.
- Entre as mudanças, crianças da pré-escola e anos iniciais não estão fazendo as aulas sentadas lado a lado no carpete, como de costume, mas sim enfileiradas em carteiras.
- Cada turma foi dividida em dois grupos: um deles frequenta as aulas segunda e terça-feira; o outro, quinta e sexta-feira.
- Na quarta-feira, a sala de aula passa por limpeza. As classes foram equipadas com álcool gel e lenços umedecidos.
Dinamarca
- As escolas começaram a ser reabertas em 15 de abril.
- Entre as regras, as crianças têm de lavar as mãos de cinco a seis vezes por dia.
- Classes foram divididas em duas, e as crianças são sempre lembradas por educadores a ficarem distantes entre si.
- No recreio, elas podem brincar em grupos de no máximo quatro, e cada grupo fica em um canto do pátio.
- Algumas escolas chegaram a instalar torneiras fora dos edifícios para que as crianças lavem as mãos quando chegam à escola.
Cingapura
- O país passou a adotar medidas como medição da temperatura dos alunos diariamente. Eles também passaram a levar suas refeições de casa e as crianças só interagem em pequenos grupos no recreio.
- Nos corredores, os estudantes andam em fila única. Cada grupo tem uma rota pré-determinada à sala de aula e só pode usar um banheiro específico, para diminuir as chances de contágio.
Portugal
- A volta às aulas tem sido escalonada desde maio.
- As crianças da pré-escola fizeram parte da última leva de estudantes que retornou à escola.
- Em um vídeo produzido pela Direção Geral de Estabelecimentos Escolares, pede-se que as crianças “não toquem na boca, no nariz e nos olhos, mesmo que estejam com as mãos limpas”, e conversem com os professores “se estiverem tristes ou se sentindo mal.”
- Também é obrigatório lavar as mãos ao entrar e sair da escola.
- Além disso, alunos devem seguir regras como uso obrigatório de máscaras, e a reorganização de horários e espaços para garantir a distância entre os alunos de turmas diferentes.
China
- O ensino médio voltou primeiro, no mês de abril.
- Em algumas escolas, alunos passam por tendas de desinfecção instaladas na entrada das escolas. Todos têm a temperatura corporal checada sistematicamente.
- O uso de máscaras é obrigatório.
França
- O país teve 40 mil escolas abertas no início de maio, com prioridade para a educação infantil. - Uma semana depois, 70 foram fechadas devido ao registro de casos de coronavírus.
- Na retomada das aulas, o tamanho das turmas foi reduzido à metade.
- Além disso, também foram adotadas medidas de higiene e desinfecção.
- Outra medida foi a permissão que as crianças continuassem acompanhando as aulas de casa, pela internet.
Coreia do Sul
- O uso de máscara é obrigatório e os alunos também têm suas temperaturas checadas diariamente.
- As mesas e cadeiras estão posicionadas com grande distância umas das outras. Os estudantes receberam material desinfetante para higienizar as mãos.
Suíça
- As salas de aula tiveram a quantidade de alunos reduzida pela metade.
- As mesas estão posicionadas com dois metros de distância uma das outras e voltaram a ser enfileiradas.
- O recreio também passou a ser controlado, com crianças da mesma sala brincando apenas entre elas e cada qual em uma parte do pátio.
Alemanha
- Algumas escolas começaram a reabrir, desde abril, mas de forma gradual.
- Turmas foram reduzidas, com afastamento entre as mesas e as normas de higiene intensificadas.
Fonte: Pesquisa AT e jornal BBC.
OUTRAS MEDIDAS
Corresponsabilização com a família
- Além da aferição da temperatura do aluno na chegada a escola, também será solicitado aos pais que reportem caso o filho tenha apresentado alguma condição como febre ou desconforto nos dias anteriores. Caso positivo, será recomendado que a criança fique em casa.
Distanciamento
- Os estudantes deverão respeitar a distância dos colegas dentro e fora da sala de aula. Algumas escolas não liberarão alunos ao pátio e o intervalo será dentro da classe.
- Emprestar objetos também não é recomendado e cada aluno deverá ter sua garrafa para encher em bebedouros com torneira, já que os que funcionam como fonte serão indisponibilizados.
Ensino híbrido
- A necessidade do distanciamento entre as carteiras reduz a capacidade de alunos dentro de sala de aula, então escolas se preparam para adotar o ensino híbrido no retorno. Assim, enquanto parte dos alunos estará em sala, outra acompanhará o conteúdo de casa. Depois inverte.
- O método remoto será mantido para alunos em vulnerabilidade.
Motivação
- Escolas estão estudando estratégias para motivar os alunos especialmente nos momentos que estiverem no sistema remoto.
Foco no desenvolvimento
- A principal preocupação das escolas tem sido em garantir o aprendizado do aluno e não apenas em dar notas como critério de aprovação.
- A checagem se os alunos estão se desenvolvendo é feita através de avaliações diagnósticas, que definirá pontos que precisam ser reforçados.
Priorizar conteúdos
- A mudança abrupta está dificultando que as escolas apresentem o conteúdo que estava previsto para no ano letivo de 2020, então já começaram reorganizar os conteúdos para focar nos principais neste momento.
- Os demais deverão ser trabalhados na interdisciplinaridade ou serão incluídos no planejamento para 2021.
Horários diferentes
- Para evitar aglomeração na entrada e na saída, as escolas avaliam estabelecer diferentes horários para entrada e saída de cada turma.
Aulas ao ar livre
- Para aquelas que dispõem do espaço, a proposta é realizar mais atividades ao ar livre, onde a ventilação é melhor e, dependendo do espaço, permite uma quantidade maior de alunos frequentando a aula.
Limpeza reforçada
- Para evitar a contaminação no ambiente escolar, instituições já estão adquirindo materiais para sanitização de ambientes e materiais a cada troca de turma, higienização de calçados e mochilas nos acessos à escola, e disponibilização de álcool em gel nos corredores e salas de aulas para alunos maiores.
Fonte: Escolas consultadas.
Comentários