“O funk é uma metamorfose ambulante”, diz Dennis
“Palavrão faz parte do vocabulário de 80% da população”
AT2 Como surgiu a parceria com Ludmilla e Xamã em “Deixa de Onda”?
Dennis A música tem um papo meio de sertanejo, por isso pensei em sertaneja. Mas, depois, percebi que poderia cair bem no funk. Então, chamei a Lud, já tinha um tempo que queríamos gravar algo. Gravamos em novembro de 2019, pensando em lançar em 2020.
Mas, na pandemia, a galera ficou mais saudosista, queria ouvir coisas antigas. Então, não lancei antes. Cheguei a produzi-la por três vezes. Tivemos tempo de atualizar até que cheguei num beat de trap. Meus irmãos mais novos e minhas filhas estavam ouvindo bastante Xamã, aí pensei: “Tá aí, é um bom cara pra participar desse som”.
O trap é o ritmo do futuro?
Com certeza! Eu acho que já é! A geração nova está sempre trazendo a novidade. O Brasil ganhou mais um ritmo que sempre existiu. Eu mesmo tinha o Bonde da Stronda lá em 2008 e já produzia, era a mesma onda.
Por falar nisso, trazem o universo futurista no clipe.
Decidimos trazer algo futurístico, porque a música é meio do futuro. Se você reparar, o funk é uma metamorfose ambulante. Uma hora ele é 150 bpm, outra é funk-rave, outra brega funk. Ele está o tempo todo em movimento, se transformando, se renovando.
Tem muito dessa onda futurista, até para representar a mulher do futuro, do presente, a mulher que fala o que pensa e que pode ter um contatinho aqui e outro ali. Não é só o futuro na estética, mas na letra.
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Na pandemia, se reconectou ao passado ao lançar dois volumes de “Dennis das Antigas”.
Como ganhei muitos seguidores na pandemia, senti necessidade de mostrar, para esse novo público, que eu era o cara por trás dos hits da Furacão 2000. E vi o espanto de muita gente no Twitter perguntando: “Foi ele que fez”?, e vários memes. Então, comecei a criar, fiz duas lives e transformei isso em álbum. Pretendo lançar mais volumes e até evento.
Pretende fazer mais lives?
Sinceramente, não! Já tem um tempo que dei uma parada, porque, sem hipocrisia, está tudo funcionando, o público está indo para baladas. Quem sofre com isso é quem tem nome maior, mais visibilidade. Vários artistas menores estão fazendo shows. E, se está rolando, as pessoas não estão curtindo lives. As pessoas estão na rua.
Quem não voltou ao normal foi o artista que tem mais visibilidade e tem que aguardar a vacina. Enquanto isso, a gente vai se virando.
É o seu primeiro verão longe de Guarapari?
Em 7 anos, é o primeiro sem ir. Mas não posso reclamar, estou com a família, tendo dias maravilhosos de sol. Por outro lado, fica um verão triste. Não estou acostumado.
Na internet, tem aparecido ao lado de sua filha Tília. De brincadeira, postaram um story em que ela canta uma música proibidona... Deixaria Tília lançar um funk proibidão?
Falar palavrão é uma coisa. Induzir a fazer algo errado ou denegrir pessoa com palavrão é que não concordo. O lance do palavrão, as pessoas fazem para dar aquela apelada e aparecer no meio de tantos. Mas não sei se esquentaria se ela fizesse uma música com palavrão. Mas, se fizesse uma música que fosse prejudicar alguém, que fosse ofender, eu ficaria chateado.
Palavrão faz parte do vocabulário de 80% da população. Se você assistir à “Tropa de Elite”, recorde de bilheteria, lá tem bastante palavrão. E quando você bota na música, as pessoas ficam: “Meu Deus!”. O Brasil tem que amadurecer quanto a isso.