Metade das pessoas espiona parceiros nas redes sociais

Pesquisa revela que comportamento de vigiar tem sido comum. Mas psicólogos alertam para riscos da atitude na relação

Cristina Oliveira, do AT2 | 31/01/2022, 13:50 13:50 h | Atualizado em 31/01/2022, 13:50

srcset="https://cdn2.tribunaonline.com.br/img/inline/110000/372x236/inline_00110496_00/ScaleUpProportional-1.webp?fallback=%2Fimg%2Finline%2F110000%2Finline_00110496_00.jpg%3Fxid%3D289264&xid=289264 600w, Pesquisa aponta que metade dos brasileiros vigiam seus parceiros nas redes sociais
 

Espiões do amor? Segundo uma pesquisa, 49% dos brasileiros, ou praticamente a metade, admitiram vigiar seus parceiros nas redes sociais.

O estudo foi feito pela empresa de segurança Kaspersky, e as ações vão desde olhar com quem ele (a) conversa no Instagram até criar perfil fake e instalar programa espião para monitorar todas as conversas de WhatsApp.

Segundo o psicólogo Felipe Laccelva, é normal e saudável ter curiosidade sobre a vida de quem se ama, pois demonstra interesse e envolvimento. Mas até certa medida. “Quando a pessoa começa a vasculhar a vida do outro sem o seu consentimento, deixa de ser algo saudável e se torna invasivo, pois está ocupando um espaço que não foi permitido. Isso pode prejudicar o relacionamento, já que é uma quebra na confiança”, diz.

Para o psicólogo Roberto Alves, não há uma prevalência sobre quem “espiona” mais seus companheiros online, porém há uma diferença na motivação da ala masculina e da feminina. 

“Normalmente, homens buscam saber mais por questões sexuais e as mulheres são motivadas por questões emocionais. Mas ambos são curiosos e se aproveitam da facilidade trazida pela tecnologia e  nas redes sociais.”

Embora essa atitude atinja muitos brasileiros, a psicóloga Hagata Tortoretto alerta que essa desconfiança pode trazer danos para os dois. “O parceiro está na relação por vontade própria, e não por imposição do outro. Sentir-se em ambiente opressor é o primeiro passo para o fim da relação”.

Pressão

Lúcia (nome fictício) teve suas redes sociais vigiadas por meses por seu ex-parceiro enquanto estavam juntos. Ele chegou a criar um perfil fake para tentar pegá-la numa “emboscada”. “A pressão era tão grande que, quando eu saía de casa, esse fake sabia a roupa, a hora, onde eu estava. Fazia pressões psicológicas todos os dias. Tive muito medo”, lembra.

Controle e brigas

Um assistente administrativo, 39, contou que foi viver com a namorada um ano após se divorciar. Mas ela continuava tendo muito ciúmes de sua ex-esposa.

“Ela exigia provas constantes do meu amor por ela e passou a controlar todos os meus aplicativos de celular. Não usava muito as redes sociais, mas ela começou a 'escolher' as pessoas com quem eu podia ou não conversar”. 

Após muitas brigas, ele chegou a entrar em depressão e o relacionamento chegou ao fim.

“É insegurança minha”

Mariana (nome fictício) revelou que passa horas por dia espionando as redes sociais de seu namorado e  observa tudo: quais postagens ele curte, com quais mulheres ele conversa, quem são seus novos amigos e até avalia a forma como ele responde cada pessoa.

“Sei que é insegurança minha e já brigamos várias vezes por isso. Eu fico conectada à página dele até mesmo no meu trabalho. Ele já até cancelou o perfil algumas vezes, mas voltou atrás”, diz.


DICAS DE COMO SE PROTEGER


Segurança

  • Praticamente todas as redes sociais possuem recursos de segurança ou privacidade para que o (a) usuário (a) possa limitar o acesso às suas informações. Se estiver incomodado (a), é possível silenciar, restringir e até bloquear o outro.
  • Também há programas que solicitam senha, digital, número de PIN, reconhecimento facial e outros recursos de segurança.

Diálogo

  • A psicóloga Hagata Tortoretto recomenda conversar abertamente com o (a) parceiro (a), expondo seus sentimentos em relação a essa atitude, explicando o quanto ela é prejudicial. “Assim podemos entender como está funcionando a relação e ver se vale a pena continuar nela”, salienta.

Terapia

  • Segundo o psicólogo Felipe Laccelva, a terapia individual ou de casal pode ajudar a lidar com as inseguranças de quem espiona. Além de fazer com que a pessoa que sofre esse controle entenda o porquê de aceitar esse tipo de relacionamento.

Aplicativos de namoro

  • Na hora da paquera online, tenha cuidado com quem se relaciona, como em aplicativos de namoro. Não tem como ter certeza de quem está do outro lado da tela. 
  • Enquanto não tiver confiança na outra pessoa, evite divulgar dados como endereço, local de trabalho/estudo ou telefone em redes sociais. Sempre configure o perfil para que apenas pessoas próximas tenham acesso às suas informações.

Relacionamento antigo

  • Se quem te espiona for alguém de algum relacionamento antigo e isso esteja te fazendo mal, a dica é dizer a verdade: que prefere não manter mais contato. É  importante colocar um limite nessa relação. Vale bloquear, ficar invisível ou usar algum outro recurso tecnológico para manter a distância. 

Sem interação

  • Se estiver sendo perseguido (a), não interaja com o (a) perseguidor (a). Isso pode reforçar o comportamento dele (a) para continuar tendo alguma forma de contato com você.  

Crime

  • Se alguém invadir ou instalar programa sem sua autorização, para acessar remotamente um dispositivo para obter informações, poderá incorrer no crime previsto no art. 154-A do Código Penal. “Mesmo que seja o cônjuge, o direito à privacidade é absoluto”, alerta o advogado e psicólogo Roberto Alves.

Fonte: Especialistas consultados.

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