Giulia Be: “A gente escolhe como vê a vida”
Giulia Be | Cantora e compositora “Ser 'solta' é ter liberdade de ser você mesma”
AT2: Quem é Giulia Be, essa “menina solta”?
Giulia Be: Todo dia me surpreendo e me redefino. Me sinto uma menina ainda, tentando entender meu propósito. Ser 'solta' é você ter liberdade de ser você mesma, sem dar ouvido ao que os outros pensam de você e, por dentro, se amar o suficiente para ter confiança de ser essa pessoa por fora.
Quando decidiu nomear o EP de “Solta”?
Quando tatuei meu dedo com “solta”, em outubro. “Menina Solta” foi uma música que não pensava que iria virar o que virou. Escolhi esse nome pelo significado que ele passou a carregar depois disso.
Mas, no início, era vista como a nova popstar. Certo?
Não me sentia confortável nessa coisa mais popstar. Comecei a me encontrar quando fiquei mais Giulia, solta, de cabelo solto, mais menina, não tentando ser uma mulher que eu não sou.
“Menina Solta” traz um olhar diferente sobre romance, já que, geralmente, o homem é o “solto” da história, não?
Foi a primeira vez que encontrei esse lado meu como compositora. Antes, acho que as músicas iam para um lado reconhecível. E lógico que isso contribuiu para o sucesso!
Todo mundo já passou por uma menina “solta”. Eu e minhas amigas já fomos meninas soltas em algum ponto da vida. (Risos) Com essa música, vi que toquei o coração do homem hétero, porque todos já passaram por uma garota assim.
E a gente pode ser a menina solta, mas um dia também pode ser a menina corna. Somos múltiplos!
E “Recaída”, o novo single?
É uma música divertida e engraçada. Canto: “Falei pras minhas amigas que hoje ia no cinema/ Fala pros seus amigos que vai resolver um problema/ Chama o Uber logo e vem me ver/ Me chama de problema e vem me resolver”. E eu super mandaria isso! Tanto que uma das minhas figurinhas mais usadas no WhatsApp é uma que tem: “Chama na solução, porque, de probleminha, já basta eu”. (Risos)
Se sua vida fosse um filme, em qual cena você daria pausa?
No Rock in Rio de 2019, quando participei do show do Projota. Foi o maior número de pessoas para qual já cantei, e cantar no festival era um sonho meu. Foi muito simbólico para mim e minha família.
Disse que o clipe de “(Não) Era Amor” foi inspirado em um sonho louco seu.
Essa música é sobre um antigo relacionamento de uma amiga. Depois, percebi que tinha a ver com meu primeiro relacionamento, onde eu me diminuía muito, acreditava no que a outra pessoa falava para diminuir minha autoestima.
Às vezes, a gente não percebe, mas acaba aceitando certos comentários e os nossos próprios pensamentos, de se olhar no espelho e falar “Giulia, você está muito feia”, e isso fica nos nossos sonhos.
Tenho sonhos muito loucos e, quando a gente estava buscando o conceito do clipe, tive esse em que tinham várias Giulias. Acho que foi baseado num episódio do Bob Esponja, meu desenho preferido! Inclusive, sofri bullying na escola porque meu rosto era muito quadrado e grande, me chamavam de “Bob Esponja cara quadrada”. E é engraçado porque, hoje, todo mundo faz harmonização facial para ficar com a cara enquadrada. (Risos)
Nesse episódio, tem vários Bob Esponja na cabeça dele. E, no meu sonho, tinham várias de mim se organizando, brigando uma com a outra, tocando violão... Foi caótico! (Risos) Mas acordei e falei que a gente precisava fazer isso. Como um fã disse: “Sou eu lutando contra a minha própria consciência”.
Em “(Não) Era Amor”, você também fala sobre a falta de responsabilidade afetiva.
Não conhecia o termo até poucos anos atrás, mas, obviamente, já conhecia a prática. E é importante trazer atenção para o termo.
Às vezes, a gente faz o que é melhor pra gente e não pensa no outro ou gosta de ver o outro sofrer pela gente, porque faz bem para o nosso ego. Mas, quando passei por isso, falei: “Nunca mais faço isso com ninguém”. Porque é horrível, um dos piores sentimentos do mundo!
Ter a consciência limpa de que você foi correta dá um final feliz pra sua vida, é melhor do que sair traumatizado de um capítulo.