Fabiana Karla revive Lucicreide em viagem a Marte em novo filme
Foi Lucicreide que alçou Fabiana Karla ao sucesso nacional. Em busca de uma oportunidade na porta do Projac (hoje Estúdios Globo), no Rio de Janeiro, a artista encontrou o diretor Mauricio Sherman (1931-2019) e lhe mostrou a sua criação. Conhecido por descobrir talentos -foi o responsável por lançar Xuxa e Angélica em programas infantis- ele deu uma oportunidade para a humorista.
Lucicreide estreou no Zorra Total (Globo, 1999-2015) em 2004 -foi mais de uma década de sucesso na atração. "Ela é meu pé de coelho", diz a artista. Agora, três décadas depois do primeiro reconhecimento na escola, a atriz leva à pernambucana arretada aos cinemas. E com viagem marcada para um lugar bem distante.
Nesta quinta (4), Fabiana Karla estreia o filme "Lucicreide Vai pra Marte". A ideia inicial do longa surgiu de um desafio que ela propôs ao diretor Rodrigo César. A atriz relata que a personagem é "totalmente inocente" e muito real, e a sua vontade era colocá-la em outro contexto, na Lua, por exemplo. "Aí ele me disse: 'Não, vamos tentar em Marte, que é uma viagem sem volta, na Lua já foram e voltaram'". A partir daí, ao lado dos roteiristas Dadá Coelho, Chico Amorim e Cadu Pereiva, a história foi desenvolvida.
Na trama, após ser abandonada pelo marido e ter de lidar com os cinco filhos que falam ao mesmo tempo, não a obedecem e ainda defendem a avó -sua sogra que vai morar na sua casa após ser despejada- Lucicreide se une, por engano, a um grupo de candidatos para uma viagem sem volta para Marte.
Antes, porém, ela vai ter de passar por uma série de testes na Nasa, a agência espacial norte-americana. Para conseguir a vaga e viajar ao planeta, Lucicreide também tem de enfrentar Luana, uma vilã bem atrapalhada vivida por Adriana Birolli, e a comandante Lee, interpretada por Lucy Ramos, que não vai muito com a cara da faxineira. O elenco ainda é composto por Cacau Hygino (Padre João), Ceronha Pontes (Rosa), Bianca Joy (Débora), Renato Chocair (Arnaldo) e Isio Ghelman (Watson).
Parte das gravações de fato aconteceu na sede da agência especial americana -segundo divulgado, é a primeira produção desde o filme "Armaggedon" (1998) a rodar no local. Primeiro astronauta brasileiro, Marcos Pontes (que atualmente é ministro da Ciência e Tecnologia) faz uma participação na obra, assim como o influenciador digital Carlinhos Maia.
Uma das sequências é realizada em um avião que simula gravidade zero. A aeronave partiu de Las Vegas e fez acrobacias sobre o deserto de Nevada. Embora fosse possível filmar essas cenas em um simulador, Fabiana Karla fez questão de gravar no avião. "Se não, como teria essa história para contar e levar o público junto?", indaga. Também produtora do filme, a atriz revela que foi um ano de negociação com a Nasa para conseguir a autorização.
E qual é a sensação de estar em lugar sem gravidade? "É como se você fosse à montanha-russa. Não tem aquele negocinho que dá na barriga? Pense naquilo sendo estendido por vários segundos. Você sente aquilo e flutua. E a sensação de voar, de flutuar é incrível."
INSPIRAÇÃO
Uma mistura de mulheres reais e outros tipos da ficção foram a inspiração para Fabiana Karla criar Lucicreide, quando ainda era uma adolescente. Do universo da comédia, uma de suas referências foi o coronel Ludugero, representado pelo humorista Luiz Jacinto da Silva (1929-1970), e que fez muito sucesso nas rádios de Caruaru nos anos 1960.
A atriz afirma que foi seu pai que a apresentou ao personagem. "O coronel Ludugero falava muito parecido com a Lucicreide. Quando eu era criança, isso me chamava muito a atenção", diz. Outra influência foi Soró Sereno, interpretado pelo ator Arnaud Rodrigues (1942-2010) na novela "Pão Pão, Beijo Beijo" (Globo, 1983). "Eu gostava tanto dele, todo mundo queria um Soró em casa, e eu também."
Aos tipos da ficção, Fabiana Karla uniu ainda às memórias das suas tias e de mulheres pernambucanas reais. "Lucicreide é um mix de emoções. Ela é arreliada, tem um afobamento, mas ela tem ternura também, tem essa coisa do afago, de estar sempre por ali, prestes a ajudar", afirma.
Embora diga considerar o humor uma arma potente para qualquer situação -seja como uma ferramenta que pode "colocar o dedo na ferida" de uma forma mais amena ou como "um pancadão"- neste momento em que o Brasil vive um agravamento da crise do coronavírus, ela aponta que a comédia vem como um alento.
"Lucicreide Vai pra Marte" é, de fato, um filme de entretenimento leve e para toda a família. "A Lucicreide é a minha homenagem mais sincera a todas as mulheres nordestinas", diz Karla, que participa de uma live com Lucy Ramos no Instagram da Globo Filmes, uma das coprodutoras do filme, nesta quinta (4), às 18h.