“Entrei no mundo de miss para cantar”, diz Paolla
Paolla - Cantora “Não preciso que ninguém acredite em mim”
AT2: Os universos da beleza e da música são diferentes?
Paolla: Extremamente diferentes, opostos. Na música, você tem mais liberdade de ser quem você é, de expressão dentro do seu trabalho, do seu som. As pessoas, inclusive, esperam isso de você. Que você tenha o seu propósito.
E, no mundo de miss, é extremamente o oposto. Você precisa seguir padrões. Existem muitas diretrizes, regras, até de etiqueta. Só que eu tinha um propósito na música. Eu estava ali, mas sabia que era algo temporário. Levei como se fosse uma atriz que tivesse pego um personagem numa novela e precisava fazer aquilo muito bem. Foi difícil, mas aprendi muito. Sou muito grata por esse período que vivi como miss.
O que aprendeu?
Antes de entrar nesse mundo de miss, estava com a autoestima e confiança no meu trabalho lá embaixo, por ter vivido muitas frustrações. Pensa você ter um sonho, sair da sua cidade, alugar uma casa e ir para um lugar em que você não conhece ninguém? Correr atrás do seu sonho e só receber “não”? Chega uma hora que, se você não está com a sua cabeça muito bem firmada no seu objetivo, você se questiona: “será que é isso mesmo que é pra eu fazer?”
Entendi, durante esse um ano que vivi como miss, que não preciso que ninguém acredite em mim. Eu que preciso acreditar. Nunca tinha pensado que teria condição de viajar para países onde viajei, de viver coisas que vivi dentro do miss. Todas essas conquistas foram frutos do meu esforço.
Quando ninguém acredita, aí sim é que eu tenho que acreditar. Porque, se é o meu sonho, ninguém precisa e nem vai fazer isso por mim.
A pressão estética diminuiu?
Existe uma pressão estética independente de ser miss, cantora, nutricionista, advogada... Por mais que as coisas tenham amenizado nos últimos anos, porque está mais em pauta essa questão da inclusão, de mulheres de diferentes estéticas estarem sendo representadas, existe ainda essa pressão, sim, independente do que a mulher faça.
De certa forma, é diferente a pressão como miss e como cantora. A pressão estética no miss, com certeza, é muito maior.
Pretende voltar para o universo de miss?
Não! (Risos) Entrei no mundo de miss com um objetivo, que era criar mesmo um público para poder iniciar novamente minha carreira na música. Então, foi um momento, uma fase e tenho muita gratidão por ela, mas não! (Risos) Meu foco agora é lançar muita música, fazer as coisas que sempre sonhei.
Como surgiu a parceria com Joãozinho VT em “1 Love”?
Minha equipe em São Paulo é de Osasco, e o Joãozinho VT é um menino crescido e criado lá, então a minha galera conhece muito ele. Eles falaram: “E se a gente chamasse o Joãozinho? Ele está topando fazer coisas diferentes, saindo um pouco do nicho que ele canta”. Mandamos e ele topou na hora!
Não é a autora da “1 Love”, mas se identifica com a letra?
Me identifiquei muito porque era exatamente o que estava e estou vivendo. Terminei um relacionamento, mas ficava nessa coisa de dar uma “fugidinha”, de se encontrar, de ficar essa situação meio que resolvida, mas não totalmente. Tenho certeza que muitas pessoas, se não estão vivendo, um dia viveram ou viverão.
Acredita que faz bem viver “1 Love, sem Love”, um relacionamento baseado em recaídas?
Se ambos sabem que é “um love, sem love”, está tudo ok! O negócio é quando uma das partes não está sabendo desse combinado, né? (Risos) Tudo nessa vida, inclusive no relacionamento, tem que ser baseado na honestidade.
Vai seguir no pop funk?
Venho dessa raiz pop muito forte. O meu pai tinha banda, e o estilo dele sempre foi um rock mais pop. Quando era mais nova, ouvia Katy Perry, Beyoncé, Pussycat Dolls, Jessie J, Rihanna, Justin Timberlake, Hanson, Backstreet Boys...
Então, minha essência, por escutar muita música internacional, vem do pop. Mas, quando comecei, era um sonho muito impossível. Não tinha espaço, o pop em português não tocava no rádio. Sou do Mato Grosso do Sul. Então, além da resistência do mercado, era ainda pior aqui, um estado essencialmente pecuarista. É outra realidade, aqui eles escutam mais sertanejo.
Mas sinto um chamado muito grande em fazer as pessoas dançarem. Então, foi uma junção de estilos que alimenta meu coração, que me deixa muito feliz. O pop é a performance que eu amo, dos carões, do joga o cabelo, da dança, e o funk faz as pessoas se jogarem mesmo, se divertirem!