Enem em maio pode atrapalhar calendário
Após 10 dias de votação para a definição da nova data para aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que precisou ser adiado devido à pandemia de Covid-19, o mês escolhido pela maioria foi maio de 2021.
Com base no resultado da enquete, o Ministério da Educação (MEC) vai definir a nova data do Enem. Mas caso seja confirmado o mês de maio, a data atrapalharia o calendário das instituições de ensino, segundo professores do Estado.
A previsão é que a data definitiva seja divulgada ainda este mês, de acordo com Alexandre Lopes, presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão responsável pela realização do Enem e ligado ao MEC.
“Primeiro semestre estará perdido”
O estudante de pré-vestibular João Miguel Zouain, de 20 anos, não ficou satisfeito com o resultado da enquete sobre a possível nova data do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem), em maio.
João irá realizar o Enem Digital e havia optado pelo mês de janeiro de 2021 para a prova. Ele trancou o curso de Engenharia Civil para tentar uma vaga em Nutrição.
“Se a prova for em maio, o primeiro semestre estará perdido. Mas em janeiro daria tempo de o semestre começar normalmente”, opinou.
Diretor do Pré-Vestibular Homero Massena, Diego Matheus avalia que a aplicação da prova em maio afetaria o calendário das universidades e também o Enem 2021.
“Sugerimos aos alunos a votar em janeiro. O erro estratégico é que o Enem é um processo longo. Tem correção, seleção. Ainda prejudicaria o calendário das universidades e o próprio Enem 2021”.
O professor de Redação Renan Andrade afirmou que a data em maio seria “impraticável” para estudantes e instituições.
Já o professor de Redação Lúcio Manga destacou que, apesar de a mudança representar alterações no calendário acadêmico, há muitos alunos de escola pública sem estudo presencial desde março.
“Acredito que o resultado da pesquisa seja efeito dessa dificuldade e também entendo que a incerteza com relação à volta do estudo presencial contribuiu para essa data”.
A professora de Língua Portuguesa Aurélia Pedroni Nascimento ressaltou que qualquer data a partir de janeiro trará pontos positivos e negativos. “Os alunos terão mais tempo para estudo, sobretudo, aqueles que não tiveram aula online. Por outro lado, há muita incerteza para aqueles que terão de procurar cursos para revisão”.
ENTENDA O CASO
Votação
> Ao todo, 1.113.350 candidatos ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) votaram de forma voluntária, entre os dias 20 e 30 de junho, na página do participante. O número de votantes corresponde a 19,3% do total de inscritos este ano (5.783.357).
> As opções mais votadas foram: Enem impresso: 2 e 9 de maio de 2021. Enem Digital: 16 e 23 de maio de 2021.
> Entre os participantes que responderam à enquete, 49,7% optaram por realizar o Enem em maio, o equivalente a 553.033 do total de respostas; 35,3% escolheram janeiro, com 392.902 votos; e 15,0% preferiram dezembro (167.415).
Análise
> A contribuição será analisada pelo MEC e pelo Inep, em conjunto com as entidades representantes da educação. A expectativa é que a data definitiva do Enem 2020 seja divulgada ainda neste mês.
Impacto
> Segundo professores do Estado, caso o MEC defina maio como o mês para o exame, a data pode atrapalhar o calendário das universidades.
Ufes
> Informou que ainda não analisou a questão de uma melhor data para aplicação do Enem, pois tem priorizado outras questões, como a volta às aulas após a quarentena.
Unisales
> Afirmou que o Enem em maio pode ter impacto, já que muitos alunos usam sua nota do Exame para ingresso no ensino superior.
Emescam
> Disse que a data de realização do Enem impacta diretamente no planejamento e calendário acadêmico de todas as instituições, pois interfere no processo de matrícula e programas de bolsas e financiamentos.
Multivix
> A faculdade afirmou que não haverá prejuízo no seu calendário acadêmico, considerando que o ano letivo está ocorrendo remotamente.
> O aluno que fizer o Enem em maio e quiser aproveitar a nota, poderá utilizá-la no ingresso do meio do ano.
UVV
> A instituição disse que a data não fará diferença, pois o processo seletivo 2021-1 deverá ocorrer antes do resultado do Enem, conforme datas sugeridas para escolha dos alunos.
Fontes: MEC, professores e instituições consultadas.
Internet para universitários
Para dar assistência aos alunos de instituições federais que não têm acesso à internet, o Ministério da Educação (MEC) divulgou ontem que vai disponibilizar internet gratuita para os alunos em situação de vulnerabilidade.
De acordo com o secretário-executivo do MEC, Antonio Paulo Vogel, os alunos serão escolhidos a partir da renda familiar per capita. A expectativa é que a distribuição dos planos de dados aconteça a partir do dia 20 deste mês.
Segundo Vogel, a internet não será livre. Cada instituto ou universidade vai definir quais sites ou sistemas os alunos poderão acessar, sendo de graça para o aluno.
O modelo ainda será definido pelo MEC, mas há duas opções disponíveis. A primeira é: caso o aluno já tenha um plano de internet, ele poderá por meio do plano dele acessar os conteúdos e não será cobrado o valor de sua franquia. A segunda possibilidade seria o estudante adquirir um chip com a instituição de ensino.
Como essa internet será acessada, de que maneira e quando isso vai acontecer ficará a cargo da instituição de ensino.
A Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) respondeu que em relação à disponibilização de internet, a Administração Central da Ufes vai aguardar as diretrizes a serem divulgadas pelo MEC.
Já o Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) informou que iniciou, desde maio, a realização de atividades pedagógicas não presenciais, por meio de videoaulas e outros meios. Segundo o instituto, a proposta do MEC vai melhorar ainda mais as atividades não presenciais.
O Ifes afirmou ainda que lançou um edital para contratação de pacotes de dados de internet e a viabilização de empréstimo de equipamentos, além de algumas unidades estarem no processo de adquirir tablets para os estudantes.
MEC lança protocolo para retorno
Aferição de temperatura, distância mínima de 1,5 metro entre uma pessoa e outra, escalonamento de equipes e trabalho remoto para funcionários do grupo de risco são alguns dos pontos do protocolo de biossegurança definido pelo Ministério da Educação (MEC) para o retorno das aulas.
As diretrizes são para retorno das aulas nas 69 universidades federais e 41 institutos federais do País. O protocolo traz ainda regras como uso da máscara e a disponibilização de álcool em gel.
O secretário-executivo do MEC, Antonio Paulo Vogel, afirmou que a pasta defende a volta às aulas neste segundo semestre, sendo que os institutos e as universidades federais deverão compartilhar ensino presencial e a distância.
Segundo o secretário-executivo, a definição da data para retorno das aulas será de estados e municípios, de acordo com a realidade epidemiológica local.
No Estado, o Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) disse que iniciou estudos para elaboração de um protocolo para o eventual retorno às aulas e incluirá o documento divulgado pelo MEC no seu planejamento. As atividades presenciais permanecem suspensas até o dia 31 deste mês.
Já a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) afirmou que iniciou na última segunda-feira a compilação das contribuições enviadas pelas unidades acadêmicas e administrativas para os planos de Contingência e de Biossegurança.
“Após a manifestação dos conselhos, que deverá ser concluída no início de agosto, haverá definições mais claras sobre que medidas serão adotadas”, informou em nota.
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