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Claudia Matarazzo

Claudia Matarazzo

Colunista

Claudia Matarazzo

Encontros ao vivo ficam cada vez mais difíceis

| 03/12/2020, 10:36 10:36 h | Atualizado em 03/12/2020, 10:38

Um dos muitos efeitos da pandemia de Covid-19 foi uma grande mudança no relacionamento entre as pessoas, até então, com um convívio ao vivo mais intenso e, muitas vezes, forçado.

Entendo que essa convivência esteja sendo difícil. Afinal, havia muito tempo que as pessoas não eram obrigadas a encarar, não apenas os outros, em uma base diária – com todo tipo de atrito que isso acarreta –, como também a si próprias, sem máscaras ou atenuantes, uma vez que, literalmente, não há para onde fugir.

Tenho para mim, porém, que a dificuldade de comunicação vem de muito antes de 2020. Parece um contrassenso, mas, com tantas ferramentas de comunicação, nós nunca nos comunicamos tanto e tão mal.

A ansiedade, que tornou-se o mal dessa era, é a prova disso. Estamos sobrecarregados com um zilhão de informações que importam pouco – e que não conseguimos processar –, uma pressa perene e muitas, muitíssimas mensagens trocadas virtualmente.

Recentemente, terminei um projeto no qual entrevistei 16 pessoas para traçar um perfil baseado nas suas mais antigas lembranças em família.

O que mais me chamou a atenção foi o fato de as pessoas não conseguirem lembrar com clareza do que as emocionava ou tocava mais de perto.

Recordar é viver – Era preciso insistir, estimular e, finalmente, a muito custo, se lembravam. À medida que falavam, recordavam, desenrolavam melhor o fio da memória, se emocionavam trazendo outras recordações e não queriam mais parar – nem a conversa, nem o fluxo dos flashes de vivências tão preciosas.

Depois que recebiam o texto já organizado, algumas confessavam que, após a conversa, retomaram contatos com amizades perdidas, passaram a rever uma série de conceitos e muitas, bastante tocadas, diziam ter conseguido fechar ciclos de antigas dores.

Porém, houve um efeito rebote: houve as que, incomodadas em ver-se retratadas, pediram-me que retirasse a parte mais pessoal do perfil, deixando apenas o que se referia a sua vida profissional.
Isso me fez pensar: perfil profissional pode, afinal, não tem perigo de se aproximar demais dos nossos vínculos ou essência.

Já entrar em contato com o que realmente foi ( ou é) importante na nossa vida, incomoda. Eu, heim!?

No mundo das redes sociais, vale a imagem, mas fujamos de toda e qualquer sensação mais autêntica!

Pelas redes, acreditamo-nos protegidos e podemos conversar, ter mil amigos, participar de um sem fim de lives!

Mas, convidar um amigo para tomar café em nossa cozinha, ninguém mais faz. Nem antes da pandemia. Trocar ideias e confidências ao vivo, olhos nos olhos, sentir a energia (e troca) da presença... por que será que ficou tão difícil?

Não podemos entregar nossa porção mais preciosa ao ambiente ilusório de redes sociais.
Ainda temos uma vida presencial. Para o bem e para o mal, é imperativo entender que a alma e as sensações são a mola propulsora de tudo o que nos constrói, e fazem de cada dia um privilégio a ser descoberto.

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