Preços só vão parar de subir ano que vem, avaliam especialistas
O caos logístico global e a disparada nos fretes marítimos provocados pela pandemia deverão se estender ao menos até 2022. Isso significa preços altos e prováveis atrasos na chegada de produtos pelos próximos meses.
O mercado marítimo tem operado no limite, com escassez de contêineres e falta de navios. As informações são do jornal Valor Econômico.
Com o início do terceiro trimestre, em que empresas abastecem seus estoques para o fim de ano, a situação não só deve se prolongar, como poderá se agravar.
No Brasil, o comércio com a China foi o mais afetado. Hoje, a rota Xangai-Santos apresenta custo de US$ 11 mil por contêiner de 20 pés, contra US$ 1.500 em agosto de 2020. É um nível histórico, que não deve recuar.
Além disso, o custo do transporte vindo da Europa triplicou desde março deste ano. As rotas do Golfo também estão pressionadas, e os trajetos vindos dos EUA, que estavam sob controle, dispararam nas últimas semanas, em meio aos congestionamentos nos portos americanos.
Para analistas e executivos, a situação é caótica. “No Brasil, não há navio chegando dentro da janela. Nenhuma rota está operando normalmente. Isso reflete a situação mundial”, diz o vice-presidente da Hapag-Lloyd, Luigi Ferrini.
“A preocupação é muito grande, e se agravou nos últimos meses. Antes, era algo concentrado nas importações da China, mas já afeta todos os mercados”, afirmou o especialista em Infraestrutura da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Matheus de Castro.
Além do descompassso entre oferta e demanda do mercado, há atrasos na liberação de cargas e eventos extraordinários, como o bloqueio do canal de Suez, em março, e surtos de covid-19, como o que fechou parcialmente o porto chinês de Ningbo, terceiro maior do mundo em movimentação de contêineres. A paralisação já dura mais de uma semana.
Segundo o especialista da CNI, a crise afeta todos os segmentos que usam contêineres: calçados, vestuário, higiene pessoal, eletrônicos, equipamentos, alimentos, frutas, carnes refrigeradas, celulose, veículos, que devem ficar mais caros e sofrer atrasos.
Para o Centronave, que reúne empresas de navegação, trata-se de “uma situação temporária, à medida que os fluxos logísticos globais comecem a normalizar-se até o início de 2022”, disse o diretor Claudio Loureiro de Souza.
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