Golpistas roubam R$ 4 milhões com o Pix todo mês no Espírito Santo
Os golpes têm se tornado cada vez mais frequentes, e esse é o valor do prejuízo, em reais, segundo Banco Central, só no Estado
Ainda que os próprios bancos garantam que as transações via Pix são seguras, o volume de golpes que se valem da facilidade do meio de pagamento chega ao número estimado de R$ 4 milhões por mês no Estado, o que equivale a R$ 130 mil todo dia.
Esses números são representados a partir de estimativa dos bancos até junho no País, que contabilizam R$ 1,8 bilhão roubados em golpes pelo sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central (BC). O valor pode ser ainda maior, já que nem todas as vítimas informam as instituições, mas deve se manter crescente, de acordo com o BC.
Segundo dados da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC), da Polícia Civil (PC-ES), no Estado foram cerca de 420 pessoas vítimas de golpes via Pix nos sete primeiros meses do ano, o que equivale a 60 crimes por mês.
Entre os casos mais frequentes estão os de bandidos que mandam mensagens se passando por outra pessoa, por um WhatsApp falso, pedindo dinheiro, e também de QR Code falso, de acordo com o especialista em Tecnologia da Informação Eduardo Pinheiro.
“Os golpistas estão utilizando devido à facilidade do Pix. É preciso partir da premissa de que é golpe antes de qualquer transação”, afirma.
Em Vila Velha, por exemplo, uma servidora pública estadual, de 57 anos, teve um prejuízo de R$ 60 mil em um golpe pelo aplicativo de pagamentos.
Se passando pelo filho da mulher, o estelionatário usou um número aleatório em um aplicativo de conversas para enviar uma mensagem para a vítima, pedindo dinheiro emprestado. Na última semana, o principal suspeito pelo golpe foi preso na cidade de Aparecida de Goiás, em Goiás, por meio de um mandado de prisão.
É importante registrar boletim de ocorrência ao ser vítima de golpe pelo portal Delegacia Online, no pc.es.gov.br/delegacia-on-line, ou indo a uma delegacia. É recomendado ter prints (capturas de tela) com as mensagens e do comprovante de transferência.
“Falta um pouco de atenção das pessoas de observar essas situações e confirmar se é realmente a pessoa antes de fazer qualquer transferência”, destaca o delegado titular da DRCC da Polícia Civil-ES, Brenno Andrade.
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) diz é sempre necessário checar os dados do recebedor da transação via Pix, seja pagamento ou transferência, para uma pessoa ou um estabelecimento comercial.
Sistema supera o boleto nas compras pela internet
O Pix atingiu recorde de aceitação no comércio eletrônico e superou os boletos como forma de pagamento eletrônico. Os dados, do mês de julho, são do Estudo de Pagamentos da Gmattos.
De acordo com Gastão Mattos, CEO da consultoria, o Pix tem capacidade para alcançar 92% e se tornar a forma preponderante de pagamento à vista para os lojistas. O estudo considerou 59 lojas online, que juntas representam 85% do comércio.
Além disso, ainda há alguns desafios para a maior adesão do modelo. Maurício Salvador, presidente da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABcomm), explica que o primeiro deles é a grande aceitação do parcelamento sem juros. O segundo é o número de fraudes envolvendo o Pix.
“Fica muito mais difícil para o consumidor reaver o dinheiro se ele tiver algum problema. No cartão, o processo de cancelamento da compra está consolidado”.
Saiba mais
Dicas para evitar golpes
- Não clique em links recebidos por e-mail, WhatsApp, nas redes sociais ou por mensagens de SMS.
- Não siga nenhum passo a passo informado pelo telefone fixo, em ligações suspeitas de bancos e INSS, por exemplo.
- Oculte aplicativos bancários, coloque-os em uma parte oculta do aparelho ou em uma pasta segura.
- Há quem ande com mais de um aparelho celular, sendo um deles sem aplicativos bancários, para situações em que há risco de roubo.
- Diminuir o limite financeiro de transferência via Pix também é uma estratégia. Essa função já está disponível nos aplicativos de bancos.
- Outra dica é utilizar no dia a dia um aplicativo de banco secundário com um menor valor em sua conta corrente e um crédito baixo.
Dicas para recuperar dinheiro
- O próprio Pix possui mecanismos para bloquear transferências e fazer a devolução do valor transacionado.
- De acordo com o Banco Central, o bloqueio cautelar analisa o perfil do recebedor.
- Sempre que a instituição financeira identifica uma transação fora do habitual das movimentações feitas pelo correntista, o dinheiro fica bloqueado por 72 horas para checagem e verificação de fraude.
- Se constatar o golpe, o próprio banco faz a devolução para quem pagou e o golpista não recebe nada.
Fonte: Especialistas consultados e Febraban.
Comentários