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Crítica

Eastwood & Dirty Harry: faces do último durão do cinema


Imagem ilustrativa da imagem Eastwood & Dirty Harry: faces do último durão do cinema
Clint Eastwood |  Foto: Reprodução / Youtube

Um dos maiores de sua geração, Clint Eastwood é hoje tão lendário quanto os tipos que encarnou nas telas ao longo de mais de 50 anos atuando na frente e atrás das câmeras. Já foi cowboy, já esteve no espaço, já foi lutador de rua, e até mesmo fugitivo de Alcatraz, mas uma de suas personas mais marcantes foi a do policial solitário em uma cruzada contra o crime, implacável, mal-humorado, sujo, Harry Callahan, que há 50 anos empunha sua Magnum 44 e faz valer nosso dia.

Hoje, em um mundo politicamente correto demais, a figura de Harry ficou incompatível e, talvez por isso reservada apenas às reprises. Em uma realidade em que os direitos humanos privilegiam cada vez mais o malfeitor que as vítimas, a discussão de justiça a qualquer preço se mostra ainda extremamente relevante, mesmo 50 anos depois do lançamento de “Perseguidor Implacável”, de Don Siegel, que iniciou a lucrativa franquia.

No início dos anos 70, a criminalidade urbana havia alcançado expressivos índices, e os crimes do Zodíaco haviam abalado a segurança pública no final da década anterior. Foram 37 assassinatos reivindicados pelo homicida através de cartas enviadas à imprensa até 1974. Nunca se descobriu sua identidade, ou suas motivações em meio a 5 mortes confirmadas, e as demais ficando no arquivo de suspeitos e desaparecidos.

O roteiro de Harry J. Fink & Rita M.Fink foi inspirado no trabalho do detetive policial David Toschi, que investigara os crimes do Zodíaco, que já havia sido a inspiração para “Bullit” (1968), estrelado por Steve McQueen. Este, inclusive foi um dos inicialmente considerados para o papel de Dirty Harry, além de Burt Lancaster, Paul Newman e Frank Sinatra, que chegou a ser confirmado para o papel título, mas acabou não acontecendo.

O roteiro seria reescrito várias vezes como forma de filtrar a violência, incluindo com colaboração de Terrence Malick que modificou vários elementos da história. Quando o projeto caiu nas mãos da Warner Brothers, o ator Clint Eastwood escolheu o roteiro original trazendo o icônico Don Siegel para a direção. Ambos já haviam trabalhado juntos (Meu Nome é Coogan, Os Abutres tem Fome, O Estranho que Nós Amamos, e ainda fariam depois “Alcatraz Fuga Impossível”), e em “Perseguidor Implacável” fizeram um Western urbano, onde um agente da lei se vê sozinho em um duelo com um assassino, versão atualizada de Will Kane, personagem de Gary Cooper no clássico “Matar ou Morrer”.

Harry se desilude quando o sistema a que serve se mostra emperrado em burocracia e política. A truculência e a brutalidade de suas ações são reflexo desta cruel realidade ou apenas a questionável justificativa de que os fins justificam os meios? O ator Andrew Robinson passou por momentos de constrangimento depois da estreia do filme: Pacifista interpretando um psicopata, o intérprete do assassino Scorpio precisou tirar seu número de telefone da lista ao receber várias ameaças de morte.

A polêmica não impediu que Harry Callahan se tornasse um avatar da justiça a cada filme, em um total de 5 realizados entre 1971 e 1988. Sua figura foi parodiada (alguém lembra da Sargento Callahan na série “Loucademia de Polícia”?), imitada em diversos filmes, mas nunca igualada. Scorpio espalhou o caos e a morte nas ruas da San Francisco setentista, enquanto Harry era a ordem e a justiça acima de tudo, até do próprio sistema, como nos divertidos diálogos em que Harry é confrontado por seus oficiais superiores ou pelo próprio prefeito.

A famosa fala “Make my day!”, no entanto, só seria usada em “Impacto Fulminante” (Sudden Impact), o quarto exemplar de 1980, e único da série dirigido por Clint Eastwood.

Na época, com 41 anos, Clint também dirigiu a sequência do suicida (imitada mais de dez anos depois em “Máquina Mortífiera”), filmada em uma única noite. Não era a primeira vez que Eastwood experimentava estar atrás das câmeras.

Antes de Harry, o ator estreara como diretor no suspense “Perversa Paixão” (Play Misty for me), primeiro de 44 bem-sucedidas incursões que fizeram dele um prolífico realizador, premiado com o Oscar, além de outras honrarias em uma carreira única ao longo de seus 91 anos completo neste 31 de maio. Ele já foi prefeito da pacata cidade de Carmel, na California entre 1986 e 1988, além de amar golf e jazz, tendo demonstrado admirável sensibilidade musical, tendo inclusive dirigido “Bird” (1989), cinebiografia do jazzista Charlie Bird Parker. Esse homem tão versátil é um diretor de poucas palavras no set, limitando-se a “OK”, “ação” e “corta; hábil administrador que fundou a própria produtora, a Malpaso, no final dos anos 60, depois do sucesso alcançado com a trilogia de Sergio Leone (“Por um punhado de dólares”, “Por uns dólares a mais” e “Três Homens e um conflito”) e ganhou ainda fama de concluir seus filmes antes do prazo.

Com tantas faces, ainda é importante dizer que é um homem de convicções. Quando acusado de reacionário pela figura de tira durão, sempre negou qualquer intenção política. Um episódio, ao final de “Perseguidor Implacável” talvez ilustre sua personalidade. Clint se recusou a aparecer no set para filmar o encerramento do filme em que Harry joga fora seu distintivo por acreditar que seu personagem jamais desistiria, até por não se encaixar em nenhuma outra profissão.

Foi Don Siegel quem convenceu Clint a reconsiderar dizendo que a atitude de Harry serviria para simbolizar o desprezo deste para com o sistema. Clint voltou, ignorou o gesto final do personagem e ainda reaproveitou as ideias de Terrence Malick para “Magnum 44” (Magnum Force), segundo filme da série. Obstinação, determinação, tenacidade diante do perigo e da morte eminente, tudo o que faz um dia valer a pena.
 

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