Da burocrática metafísica
Quantas vezes me referi à metafísica em conversa com a diligente Nuvem Letícia, ou com o cão filosofante, Desidério, criaturas altamente entendidas em metafísica, como eu nesta hora entendo de clausura científica, com a tal Covid-19, entrando no claustro do vento, mas me acautelando com a outra metafísica do medo.
Há solidariedade, respeito, dor aos que morreram, mas penso e me alegro pelo número cada vez maior dos que estão vivos.
O medo chama o perigo, o que nos amedronta não é o que o medo gera, mas o que nós próprios geramos, se nos rendemos ao medo. Precaução, sim, cuidados, prudência, mas percebo, leitores, que o medo é um ritual que atrai, ou metafísica que chora, antes das coisas.
E neste momento muitas coisas se atrasam. Uma delas são alguns correios. De serviços tão fundamentais quanto os dos bancos. Paga-se por sedex e as encomendas chegam, como se estivéssemos noutro País. Mas não estamos. E este País seguirá seu destino de grandeza.
Mas ouço do filosofante Desidério: Poeta tem que esperar mesmo, a metafísica é outro espaço ignorado da arte! Mas não me calo, porque alguns correios também sofrem de metafísica burocrática, enfermidade ainda não conhecida por especialistas.
Mas como os bancos funcionam, além da Covid, com máscaras, cuidados, horário certo, gel, filas com distanciamento?
Não me calo, porque o medo é pior do que a ignorância, a inveja, o despeito.
E está no Livro de Jó 3:25: “Aquilo que temo me sobrevém, e o que receio me acontece”.
Como, se temos Deus e nos sustenta e tira o medo? Como Ele mudou o cativeiro de Jó, tudo isso vai passar com o vento e o acordar da ciência.