Login

Esqueci minha senha

Não tem conta? Acesse e saiba como!

Atualize seus dados

Pernambuco
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Pernambuco
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Espírito Santo
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Espírito Santo
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo

Tribuna Livre

Tribuna Livre

Colunista

Leitores do Jornal A Tribuna

Criança no cenário da pandemia é assunto de gente grande

| 20/05/2020, 06:26 06:26 h | Atualizado em 20/05/2020, 07:47

Na Idade Média, de acordo com alguns sociólogos da infância, a criança era vista e tratada pela sociedade como uma espécie de miniatura de adulto. Essa ideia perdurou ao longo de muito tempo.

Nele, não se tinha olhos nem ouvidos para as demandas infantis. Hoje, diante do cenário pandêmico que vitima pessoas de todas as idades, interessa notar como temos olhado e ouvido nossas crianças, ainda que elas sejam, conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), neste momento, menos suscetíveis ao novo coronavírus.

É importante, contudo, entender como temos acolhido as percepções e sensações das crianças frente o contexto da Covid-19 e o quanto nós, adultos, temos sido sensíveis à infância nesse cenário.

Uma maneira de tentar chegar mais perto dessas questões tem a ver com a forma com a qual concebemos a ideia de infância, tanto quanto entendemos o lugar da criança na sociedade e em nossas casas, de modo particular. Nessa direção é que a nossa concepção sobre a infância não pode ser reduzida ao estereótipo de um único modo de ser criança.

Faz-se necessário reconhecer que, apesar de um passado histórico de anonimato, ela é sujeito de direitos. Um desses direitos acentua a importância da escuta da voz infantil.

Cotidianamente, somos atingidos por uma avalanche de informações acerca da pandemia. Todos os dias somos impactados, inclusive as crianças, pelas medidas que tentam conter a disseminação da doença e pelas consequências que ela traz: da prevenção à perda de ente querido.

Já parou para se perguntar o que as crianças pensam de tudo isso? Como se sentem? De que maneira lidam com a distância dos amigos, dos familiares e o luto? Consegue reparar os sinais, as pistas que nos dão sobre como estão? O que elas têm feito, por elas mesmas, que não seja cumprir com as tarefas orientadas pela escola – a partir do caderno de atividades ou na aula online – em suas casas? Quais opiniões têm a respeito dessa dinâmica? E, aquelas para as quais internet, computador e até a matrícula escolar são condições à distância?

Uma forma de responder é perguntar para as crianças e escutar o que elas têm a dizer, considerando que não são iguais da mesma forma como são diferentes suas condições concretas de vida.

Outra, assumir que a transposição dos direitos da criança, garantidos na letra da lei, requer movimentos sistêmicos de natureza dialógica – educacional, cultural, econômica, política e social – para que se consolidem, de fato.

Ação que depende, e muito, dos adultos. O fenômeno da pandemia é inevitável para a construção de um outro comportamento cultural e modelo social. Um humano que se reconheça no outro, independente do seu tamanho.

Precisamos, como sujeitos aprendentes, agigantarmo-nos na tessitura de uma trama social que prime pelo cuidado com a vida, pela ética humana e planetária. É bom que (re)comecemos pelas crianças, ouvindo suas vozes e aprendendo com o que elas têm a nos dizer. Do contrário, seguiremos miniaturizados pela nossa consciência e pela história.

Lilian Menenguci é escritora e professora.

SUGERIMOS PARA VOCÊ: