Uma confusão envolvendo polícia militar e moradores do bairro Central Carapina, na Serra, terminou com várias pessoas feridas, na noite de sábado (28). O motivo seria o atropelamento de um auxiliar administrativo de 18 anos, que teria tido sua moto atingida por uma viatura da PM durante uma perseguição a criminosos no mesmo bairro.

Para dispersar a população que estava indignada pela demora no socorro do rapaz, os policiais usaram bala de borracha e spray de pimenta que atingiu a várias pessoas que estavam no local.

O motociclista, que pediu para não ser identificado, contou que tinha acabado de sair de casa em sua Honda Biz Vermelha e seguia para a casa da avó materna, quando acabou atingido pela viatura.

“Eu passava pela avenida principal do bairro quando, do nada veio um motoqueiro que atravessou na minha frente e passou bem rápido, em seguida,eu vi o giroflex do carro da polícia e quando pensei em frear ela já bateu de frente comigo. Estava na contra-mão", afirma o rapaz.

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Segundo a PM, a viatura seguia outro motociclista que não teria respeitado a ordem de parada dos militares e que estava entrando em várias vias, na contra-mão e quase atropelando as pessoas.

O auxiliar administrativo informou ainda que, após ter sido atingido pela viatura, ele permaneceu no chão, aguardando socorro por mais de 1h. Ele afirma que teve socorro negado pelos militares e que, ao verem essa atitude, as pessoas que passavam próximo ao local do acidente começaram a chamar atenção dos policiais.

“Como os policiais não prestaram socorro a mim, algumas pessoas ficaram indignadas e apenas pediram para que eu fosse socorrido o quanto antes, mas eles(policiais) sonegaram ajuda e ainda começaram a tratar as pessoas com ignorância e a jogar spray de pimenta em todo mundo”, conta o jovem.

Quem também confirmou a versão do rapaz foi o líder comunitário do bairro, Jeferson Barbosa, 41 anos. Ele afirma que foi atingido por spray de pimenta após pedir a um militar que socorresse o motociclista.

“Eu saí de perto quando eu vi que estava todo mundo alvoroçado. Quando eu virei as costas, um policial jogou spray de pimenta em mim, foi aí que eu entrei em um estabelecimento que tinha próximo e fiquei lá dentro lavando os meus olhos e aguardando tudo se acalmar”

Jeferson relatou que um vereador do município que tentou acalmar os ânimos também acabou ferido. Ele teria sido atingido com uma bala de borracha em uma das pernas, além de ter sido atingido com spray de pimenta.

“Além disso, tinham algumas pessoas comendo em uma lanchonete na praça e eles( policiais) chegaram e jogaram bomba de gás, borracha .Um rapaz que trabalha na praça e que estava indo embora na hora da confusão, teve um pedaço da orelha arrancada devido a uma bala de borracha que o atingiu”.

O líder comunitário fez um desabafo: “ A polícia está aqui para nos proteger. Quando ela chega em um bairro de muita violência como é o nosso bairro, ela tem que agir de forma diferente e não causar essa confusão toda. Bastava ter socorrido o rapaz”.

O motociclista contou que foi levado para o antigo Hospital São Lucas, onde recebeu os primeiros socorros e foi liberado na noite de sábado mesmo. Ele sofreu apenas escoriações leves.

OUTRO LADO

A PM, por meio de nota disse que policiais militares faziam um acompanhamento de um motociclista que estava em atitude suspeita. Em determinado momento foi dada ordem de parada, mas ele não obedeceu e seguiu pelas vias na contra-mão e quase atropelando as pessoas.

Durante o acompanhamento pelo bairro Central Carapina, os policiais teriam visualizado outra moto se deslocando na direção oposta, onde quase colidiu contra a moto suspeita. No intuito de evitar a colisão entre as duas motocicleta, o condutor da segunda moto desviou e colidiu contra a viatura policial.
da ambulância.

A população local não aceitou as orientações dos militares e aglomeradas em torno da viatura lançaram garrafas e pedras contra os policiais, necessitando solicitar apoio as outras equipes via rede de rádio.

Diversas pessoas também se aglomeraram em volta dos militares com pedras, pneus, garrafas, gasolina e outros objetos, o que ocasionou o uso de equipamentos não letais para dispersar as pessoas. Uma viatura teve o vidro traseiro quebrado, além de arranhões na lataria. Ninguém chegou a ser detido.