“Vou abrir concurso para PM e professores este ano”, diz Casagrande

| 03/01/2021, 15:07 15:07 h | Atualizado em 03/01/2021, 15:14

srcset="https://cdn2.tribunaonline.com.br/prod/2021-01/0x0/renato-casagrande-governador-do-estado-c2829695fd33fad6e75e0a852c0ea7de/ScaleUpProportional-1.webp?fallback=%2Fprod%2F2021-01%2Frenato-casagrande-governador-do-estado-c2829695fd33fad6e75e0a852c0ea7de.jpeg%3Fxid%3D156864&xid=156864 600w, Casagrande teme por um agravamento na quantidade de casos de Covid no Estado, após as festas de fim de ano

Fake news, politização – seja com a vacina ou com remédios – e a escalada do número de mortes. Esses foram os três fatos que o governador Renato Casagrande (PSB) mais julgou difíceis de enfrentar na batalha contra a pandemia da Covid-19 travada no ano que passou.

Nesta entrevista, concedida em seu gabinete no Palácio Anchieta, ele diz que, se o governo federal não cumprir com a palavra de coordenar a campanha de vacinação, aí sim “vai correr atrás da vacina”. Também anuncia concursos – para professores e policiais militares – e a volta do Batalhão de Missões Especiais (BME).

A Tribuna - Qual foi o momento mais difícil no enfrentamento à pandemia?
Renato Casagrande -
Primeiro, foi o processo de politização de todos os temas da pandemia. Tivemos que enfrentar, todos os dias, um debate ideológico de uso de medicamentos, máscara, construção de hospital de campanha e agora de vacinação. Isso exigiu muita resistência, resiliência e equilíbrio.

O outro momento foi a produção de fake news, com o intuito de atrapalhar o trabalho da administração pública no objetivo de salvar vidas. Desmentir isso permanentemente foi uma tarefa muito intensa que nós enfrentamos.

O terceiro momento mais difícil foi o de, mesmo fazendo todo o trabalho de atendimento às pessoas, não conseguir reduzir o número de óbitos. Conseguimos atender todas as pessoas, mas, infelizmente, todos os dias, a gente fica numa expectativa negativa porque sempre temos pessoas perdendo a vida para a Covid-19. São situações que deixam a gente afetado psicologicamente.

As festas de final de ano devem desembocar numa piora do cenário. A Grande Vitória deve voltar para o risco alto?

Se o vírus se comportar com previsibilidade, sim, a situação vai se agravar. O final de ano — Natal, Ano-Novo, verão —, com uma parte das pessoas distante da preocupação, dos protocolos, do uso de máscara, tudo isso pode levar a um aumento do número de pessoas internadas, das que perdem a vida, e a pressão sobre o sistema público de saúde será muito forte. A previsão que fazemos é de um agravamento da situação.

O ministro da Saúde disse que a vacinação em massa começa em fevereiro. O Estado está em consonância com a data?

Essa é uma decisão do governo federal. Estamos com a expectativa de começar em fevereiro. Muitos países já começaram em dezembro. Nós já estamos atrasados e estaremos mais atrasados ainda em fevereiro. É importante que a gente comece. Eu fico impressionado com algumas frases ditas por lideranças do governo federal de que esse é um tema que não tem tanta pressa.

Torço para que sejam frases soltas, ao vento, e que de fato, em fevereiro, a gente comece o trabalho de vacinar as pessoas que estão trabalhando na linha de frente, como profissionais de saúde, e pessoas de mais idade. Torço, porque vamos demorar o ano todo e talvez até uma parte de 2022 para alcançar a população toda que queira se vacinar. Então, se a gente pudesse começar logo, seria muito bom.

Mas qual é o plano?
Quem coordena isso é o governo federal. Se ele não coordenar, aí sim nós vamos ter que correr atrás de vacina. O governo federal tem prerrogativa e legitimidade, o direito, ele é quem faz acordo com laboratórios, como fez com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a AstraZeneca.

No Espírito Santo, não temos laboratório de produção de medicamentos e vacinas, como tem São Paulo, que fez com o Instituto Butantan. Mas o instituto é o principal fornecedor do governo federal.

Então, se o governo federal adquirir a vacina do Butantan, a CoronaVac, ele é quem vai ter o direito de adquirir todas as vacinas. Caso ele não adquira todas as vacinas, aí sim é que a gente pode adquirir. Mas sempre a prioridade é do governo federal.

E o senhor vai esperar até quando?

Não tenho outro caminho a não ser esperar para ver qual é o comportamento do governo federal. Tudo o que era possível fazer, nós fizemos, porque o governo federal disse que vai assumir essa coordenação, e está assumindo. Agora é receber as vacinas e fazer a aplicação. Aí quem vai fazer é o governo do Estado com os municípios.

E o plano de vacinação?

Está desenhado. Já compramos seringas, insumos necessários. Temos já um sistema de distribuição para os municípios.

Será no padrão de sempre, em postos de saúde?

Em postos de saúde e em hospitais para profissionais de saúde.

Dentro das limitações da pandemia, o que tem de novidade para concursos?

Eu vou abrir concurso para policiais. Aqueles que já estavam abertos nós já iniciamos o curso, e vamos abrir um outro edital em 2021 para policiais. Queremos abrir para professores também em 2021.

Temos vagas para professor. Um percentual grande é de servidores por designação temporária, então não tem problema nenhum abrir concurso quando tem vagas não ocupadas. Isso a lei não me proíbe. Tem também o concurso dos auditores da receita estadual, que já está aberto.

Policiais militares e civis?

Pode ser dos dois. PM, com certeza. PC está numa fase mais anterior ao concurso que já está em andamento. PC, talvez. Mas não podemos falar de quantidade ainda.

Na campanha, o senhor prometeu a volta da Rotam e do BME. Quando eles voltam?

O BME volta em 2021. Estamos contratando os policiais. Não voltamos ainda porque não tinha efetivo. Assumi a segurança pública em 2019 com baixo efetivo, desestruturada, desaparelhada e desorganizada.

Estou fortalecendo o sistema de segurança e volto com o BME. A Rotam também, mas em 2021, com certeza, o BME.

No primeiro semestre?

O BME, sim, é bem provável.

E o aquaviário?

Vai ser publicado um edital da construção dos quatro píeres no início de janeiro: píer da Praça do Papa, da Prainha, do Centro de Vitória e o de Porto de Santana. Fica pronto ainda em 2021. E até o final do ano iniciar o funcionamento do aquaviário.

Qual é a dificuldade hoje de promover a integração física e tarifária entre todos os modais de transporte da Grande Vitória?

Assinamos, no final de 2020, a integração, da nossa parte. Tem 60 dias para a parte tecnológica, que precisa incorporar. Mas até março o sistema está todo integrado. A não ser que a Prefeitura de Vitória não queira.

O senhor conversou formalmente com o prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini?
Ele já esteve conversando comigo nesta fase de transição e falou da integração do transporte público. E nós temos um termo assinado com o Ministério Público, que envolveu a administração que se encerrou. Está tudo assinado.

Temos 60 dias de implementação. O prefeito Pazolini poderá agora fazer o acompanhamento com a sua equipe.
 

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