Reitor diz que divisão vai enfraquecer a Ufes
Paulo Vargas diz que decisão do governo federal de transformar campus de Alegre em uma nova universidade será ruim para a Ufes
“A divisão da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) vai resultar em duas instituições: uma enfraquecida e outra sem capacidade de se desenvolver”.
A declaração é do reitor da Ufes, Paulo Vargas, diante da decisão do presidente da República, Jair Bolsonaro, de desmembrar o campus de Alegre para criar uma nova universidade no Sul do Estado.
Chamando o campus de Alegre de “puxadinho”, Bolsonaro anunciou que o Ministério da Educação já fez o planejamento para a criar a nova instituição, que será anunciada oficialmente “nos próximos dias”, segundo o Presidente.
O reitor criticou a forma como o assunto vem sendo conduzido, já que a Ufes não foi procurada pelo governo federal para conversar sobre a divisão. Vargas afirma que a divisão será ruim para a Ufes, que perde um campus importante, e para a possível nova instituição, que não teria condições financeiras para se manter.
“Temos o risco de constituir uma nova universidade de porte muito reduzido, com pouca capacidade de se movimentar e fazer ações de desenvolvimento local. Ficarão com dificuldade de disputar recursos. Isso é preocupante. É irresponsável levar um projeto dessa natureza sem fazer estudos técnicos para garantir que essa universidade possa caminhar com as próprias pernas”, afirmou o reitor.
Vargas ressaltou que a Ufes já vem sofrendo cortes de orçamento por parte do governo federal. Com isso, ele não acredita que haveria investimento forte na nova universidade. Ao anunciar a nova instituição, inclusive, Bolsonaro ressaltou que “gastaria muito pouco”.
“Não há confiança de que a nova universidade terá apoio necessário. É um campus que já convive com dificuldade, e que se beneficia do sistema de toda universidade. Uma nova universidade não se cria sem investimentos para viabilizar condições necessárias”, disse o reitor.
O que Bolsonaro chama de “puxadinho” são os centros de Ciências Agrárias e Engenharias e de Ciências Exatas, Naturais e da Saúde. No campus, são ofertados, atualmente, 17 cursos de graduação, oito de mestrado e três de doutorado para 4 mil estudantes.
“Seria uma perda grande, pois a Ufes é uma instituição de porte médio que busca se consolidar com mais qualidade. Sem os centros de Alegre, ficamos menores, perdemos eficiência”, destacou o reitor.
MEC não se pronuncia
A reportagem de A Tribuna procurou o Ministério da Educação (MEC) para saber como está o planejamento para a criação da nova universidade no Sul do Estado, já anunciada pelo presidente da República, Jair Bolsonaro.
Foi questionado, ainda, se a mudança terá impacto na Ufes, e se a nova instituição teria uma oferta maior de cursos e vagas. A reportagem também buscou saber se já há previsão, no planejamento, de uma destinação de recursos. Não houve retorno até o fechamento desta edição.
Campus tem 4 mil alunos
Como é hoje
- A Ufes possui quatro campi: dois em Vitória (Goiabeiras e Maruípe), um no Sul do Estado (Alegre) e um no Norte (São Mateus).
Campus da Ufes de Alegre
- O Campus oferta 17 cursos de graduação, oito cursos de mestrado e três de doutorado para 4 mil alunos.
- São dois centros de ensino: Centro de Ciências Agrárias e Engenharias e Centro de Ciências Exatas, Naturais e da Saúde, com atividades de ensino, pesquisa e extensão.
Como ficaria
- O Campus de Alegre passaria a não responder mais à Ufes, tornando-se independente.
- A unidade ganharia o nome de Universidade Federal do Vale do Itapemirim (UFVI).
- O governo federal não divulgou como a nova universidade funcionaria, na prática, e não detalhou se haveria novos cursos ou mais vagas nos já existentes.
Fonte: Ufes e presidente da República, Jair Bolsonaro.
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