Doação de órgãos no Sul do ES ajuda seis pacientes na fila por transplante
Vítima de acidente de carro teve morte encefálica confirmada, possibilitando a doação do coração, fígado, rins e córneas
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Uma captação múltipla de órgãos realizada na Santa Casa de Misericórdia de Cachoeiro de Itapemirim trouxe esperança para seis pessoas que aguardavam por transplantes.
Os órgãos doados incluíram o coração, que foi transportado para São Paulo, além do fígado, rins e córneas, todos destinados a moradores do Espírito Santo.
O doador foi um paciente que deu entrada no pronto-socorro após sofrer um acidente de carro há cerca de duas semanas. Apesar de receber todos os cuidados médicos necessários, ele não resistiu aos ferimentos.
A captação foi realizada na tarde de quinta-feira (28), após a constatação da morte encefálica e autorização da família.
De acordo com a enfermeira da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT), Beatriz Colodetti, o processo de diagnóstico de morte encefálica segue critérios rigorosos.
“A morte encefálica é caracterizada pela parada completa e irreversível das funções cerebrais. Esse diagnóstico só é confirmado após uma série de exames clínicos e de imagem, além de avaliações laboratoriais, realizadas por uma equipe capacitada e em conformidade com os protocolos estabelecidos pelo Ministério da Saúde”, explicou.
Beatriz também destacou a importância do diálogo sobre a doação em vida. “Para que a doação aconteça, é fundamental que a família esteja ciente do desejo do ente querido. Por isso, sempre orientamos que as pessoas conversem abertamente com seus familiares sobre essa decisão. Esse gesto de amor pode salvar vidas”, ressaltou a enfermeira.
A coordenadora da Central Estadual de Transplantes (CET-ES), Maria Machado, reforçou o impacto positivo das doações.
“Cada doação é uma oportunidade de transformar dor em esperança. É importante lembrar que uma única pessoa pode beneficiar várias outras com a doação de múltiplos órgãos e tecidos, e no Espírito Santo temos trabalhado para conscientizar a população sobre essa causa tão nobre”, afirmou.
No caso específico da captação recente, o coração foi enviado para São Paulo em um esforço coordenado para garantir que o órgão chegasse em perfeitas condições ao receptor.
“Essa logística exige um trabalho integrado entre equipes médicas”, finalizou Maria.
Uma aeronave do Núcleo de Operações e Transporte Aéreo (Notaer) foi utilizada na operação para ajudar no transporte dos órgãos. Veja o vídeo abaixo.
Mais de 2.500 na fila de espera
O Hospital Estadual Dr. Jayme Santos Neves, localizado na Serra, também fez, na última segunda-feira, mais uma importante captação de múltiplos órgãos, beneficiando cinco pacientes que estavam na fila de espera por transplante. Este é o segundo procedimento de captação de múltiplos órgãos realizado pelo hospital no mês de novembro.
No Estado, cerca de 2.500 pessoas estão na fila para receber um órgão. Em relação aos transplantes, foram feitos 175 deles de janeiro até julho deste ano.
Podem ser doados rins, fígado, coração, pulmões, pâncreas, intestino, córneas, válvulas cardíacas, pele, ossos e tendões.
A doação de órgãos pode ser feita tanto por um doador falecido (que tenha tido morte encefálica) quanto por um doador vivo (pode doar rins, parte do pulmão ou parte do fígado) para um familiar próximo. Quando for para uma pessoa não aparentada é necessário autorização judicial.
Segundo reportagem recente do jornal Folha de São Paulo, em média, cerca de três mil brasileiros morrem por ano enquanto aguardam cirurgia para o transplante de órgãos. Apenas no primeiro semestre, foram 1.793 mortes, e delas, 46 foram de crianças.
Segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), a recusa familiar é a principal causa da não doação de órgãos. No País, a média atual é de 45% de recusas.
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