Projeto libera implante de embriões de mortos

Intenção é autorizar a reprodução assistida em caso de falecimento do pai ou da mãe. Projeto será votado no Senado

Isabella de Paula, do jornal A Tribuna | 05/07/2022, 18:56 18:56 h | Atualizado em 05/07/2022, 18:56

O avanço da medicina reprodutiva possibilitou o surgimento de diversas técnicas que facilitam a gestação de um bebê em caso de infertilidade. 

srcset="https://cdn2.tribunaonline.com.br/img/inline/110000/372x236/inline_00119446_00/ScaleUpProportional-1.webp?fallback=%2Fimg%2Finline%2F110000%2Finline_00119446_00.jpg%3Fxid%3D355035&xid=355035 600w, O médico Carlyson Moschen explica que  existem diversos tratamentos dentro da reprodução assistida
 

No entanto, a reprodução assistida ainda enfrenta alguns obstáculos legislativos, como na situação de morte de um dos parceiros, na qual não há  lei que regulamente a possibilidade de continuação do tratamento, sem que haja autorização prévia das duas partes envolvidas.

Com isso, o projeto de lei 1851/2022, de autoria da senadora Mara Gabrilli (PSDB/SP), busca resolver o conflito ao dispor sobre a legalização da implantação de embriões de um casal, sem a necessária autorização expressa da parte falecida.

O médico especialista em reprodução assistida Jules White destaca que, apesar de não existir lei que regulamente sobre o tema, existem orientações previstas pelo Conselho Federal de Medicina  no caso de morte.  

“Dentro do contrato, antes mesmo de começar o tratamento, já há previsão de que o casal precisa consentir sobre o caso de morte de um deles, tem que deixar no documento, é uma autorização prévia deles”, explica.

A advogada Beatriz Degasperi, especialista no assunto, ressalta que a Resolução 2294/2021, do Conselho Federal de Medicina, não tem força de lei. 

“A resolução traz normas éticas para o exercício das técnicas de reprodução assistida no Brasil. É o único instrumento normativo que fala sobre a matéria, mas não tem força de lei”, diz. 

Para a especialista, o projeto de lei tem o objetivo de inverter a lógica adotada pela Justiça hoje. “Com o projeto de lei, a autorização é presumida e  a discordância é que deve ser comprovada por meio de documentos”, explica.

O diretor da Clínica de Saúde Reprodutiva Unifert, Carlyson Moschen, explica que existem diversos tratamentos dentro da reprodução assistida.    

“A reprodução assistida é todo método que você utiliza para engravidar, no qual há assistência de um profissional. Dentro dela, nós temos vários tipos de tratamento com a finalidade de aumentar os índices de gravidez de um casal”, diz.

SAIBA MAIS

PL desobriga autorização prévia

Projeto de Lei 1851/2022

O que diz

O Projeto, de autoria da senadora Mara Gabrilli (PSDB/SP), dispõe sobre o consentimento presumido de implantação de embriões de um casal que passou por algum procedimento de reprodução assistida, mesmo com a morte de um dos parceiros.

Ou seja, não será necessária autorização prévia das partes que decidiram realizar algum tratamento.    

O pl determina, ainda, ser obrigatório às clínicas médicas, aos centros ou aos serviços responsáveis pela aplicação dessas técnicas, indagar ao cônjuge ou companheiro, quando for documentada a sua autorização para participar da reprodução assistida, se discorda ou não do uso do material destinado à fecundação artificial ou implantação de embriões após a sua morte.

Fonte: Agência Senado

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