Paciente de 86 anos se recupera de AVC e encanta médicos tocando gaita

| 13/02/2020, 18:07 18:07 h | Atualizado em 13/02/2020, 18:11

srcset="https://cdn2.tribunaonline.com.br/prod/2020-02/0x0/argemiro-soares-4fd0d2e68d42effb4fc8339a594ebadb/ScaleUpProportional-1.webp?fallback=%2Fprod%2F2020-02%2Fargemiro-soares-4fd0d2e68d42effb4fc8339a594ebadb.jpg%3Fxid%3D108611&xid=108611 600w, Argemiro Soares tocou gaita durante os 15 dias em que ficou internado no Hospital Estadual Central, em Vitória

Não é fácil enfrentar o diagnóstico de uma doença grave. O medo do desconhecido, a angústia do tratamento e a ansiedade de familiares e amigos tornam o momento difícil. No entanto, para Argemiro Soares Pinho, de 86 anos, a música facilitou o processo.

Argemiro ficou famoso no Hospital Estadual Central Benício Tavares Pereira, em Vitória, por encantar pacientes e médicos com sua gaita durante os 15 dias em que ficou internado após sofrer um acidente vascular cerebral (AVC), conhecido como derrame.

Já diagnosticado anteriormente com Alzheimer e Parkinson, doenças neurológicas degenerativas, ele ficou do dia 26 de janeiro até a última segunda-feira contando com a ajuda da música para se recuperar.

O neurologista José Antônio Fiorot Júnior, responsável pelo tratamento, explicou que a musicoterapia é muito eficaz no tratamento.

“A musicoterapia, tanto dentro quanto fora do hospital, é um tratamento muito bom, pois dá força psicológica ao paciente, que passa pelo tratamento de forma muito mais positiva e confortável”, comentou o especialista.

A filha, Clemilda Soares Mendes, de 54 anos, explicou que a música sempre fez parte da vida do pai, desde criança, e que a fase de aceitação das doenças foi complicada para o pai, que sempre foi muito independente.

“Ele sempre foi muito ativo, sempre gostou de criar música. Tocava acordeon, que é o instrumento favorito dele, e percebemos que ele estava ficando irritado ao tocar. Foi quando descobrimos o Parkinson, que limita os movimentos e isso o deixava com raiva, e o Alzheimer”.

Argemiro, que antes vivia em Cachoeiro de Itapemirim, vai se mudar para a casa da filha, na Serra. Lá ele vai prosseguir com o tratamento e vai continuar tocando o seu instrumento, pois para Argemiro, a música é vida.


ENTREVISTA | Clemilda Soares, cozinheira “Dom musical que acalma”


Clemilda Soares Mendes, de 54 anos, filha do aposentado Argemiro Soares Pinho, 86, que ficou internado por 15 dias após sofrer um AVC, conta como o dom musical do pai o ajudou a superar as dificuldades do tratamento.

A TRIBUNA – Como foi para você, que é filha, lidar com toda a fase de diagnósticos e o AVC, que veio de repente?
Clemilda Soares – Meu pai sempre foi um homem ativo, vivia sozinho em Cachoeiro de Itapemirim desde o falecimento da segunda esposa dele. Mas de uns tempos para cá, percebemos que ele vinha tendo esquecimentos e problemas de coordenação. O AVC foi um susto, porque ele sempre foi saudável, trabalhou e não tem pressão alta.

Ele reagiu bem?
Para ele, a vida continua normal, mas para mim, há a necessidade de adaptar tudo. Ontem, passei o dia procurando cadeiras de banho, de rodas, tudo para ajudá-lo. Mas Deus deu a ele esse dom musical, que o acalma, conforta e o deixa muito feliz. Com a música, ele consegue fazer qualquer coisa.

Como a música ajudou no tratamento?
Música é uma coisa que ele nunca esquece e acredito que nunca vai esquecer, mesmo com a doença. É algo que o deixa tão feliz, que ele conseguiu passar pelo tratamento e encara bem qualquer adversidade. Ele tem uma bateria de remédios para tomar, mas com a gaita dele, enfrenta qualquer coisa.

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