Mãe desabafa sobre filha com ansiedade: “Dorme só 5 horas por noite”
Após perder entes queridos, a adolescente passou a fazer acompanhamento psicológico e tomar remédios
No intervado de 14 dias, uma estudante de 13 anos perdeu a avó e o pai vítimas da covid-19, em abril do ano passado.
Isso foi o estopim para afetar a qualidade do seu sono. Por noite, ela dorme, no máximo, cinco horas.
Diagnosticada com ansiedade e depressão, a menina faz acompanhamento psicológico e toma remédios.
“O horário que minha filha consegue dormir é a tarde, depois que chega da escola. Mas ela dorme só cerca de meia horinha. É muito triste vê-la sofrendo. Eu fecho a porta e choro”, contou a mãe, uma produtora de eventos de 39 anos de idade.
Celular e televisão são “inimigos”
Cada vez mais presentes no cotidiano de adolescentes, o celular, a TV e outras tecnologias podem se tornar inimigos do sono. Debater o uso consciente das tecnologias precisa ser um hábito familiar para garantir uma vida equilibrada, aponta especialista.
Coordenadora do laboratório Delete Detox Digital e Uso Consciente de Tecnologias do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a doutora em saúde mental Anna Lucia Spear King explica que a superexposição a telas antes de dormir prejudica o sono.
“Tecnologia tem som, cor, luz e vários outros estímulos. O adolescente que utiliza o celular ou assiste TV antes de deitar para dormir fica ligado e dependente dos aparelhos. As tecnologias trazem benefícios inegáveis às nossas vidas, mas, sem o uso consciente, podem se tornar inimigas”.
A doutora em saúde mental alerta, porém, que, muitas vezes, nem mesmo os responsáveis familiares têm educação digital e, dessa forma, os adolescentes acabam sendo prejudicados.
“A sociedade é mal educada para lidar com tecnologia. As pessoas usam celulares no teatro, no cinema e, inclusive, na hora de dormir. Precisamos de educação digital para evitar as consequências desse uso abusivo no sono. A insônia tem diversos efeitos emocionais e físicos”, destaca.
A neuropediatra Larissa Khroling reitera que, com a pandemia da covid-19, os desafios para controlar o uso indisciplinado de smartphones, computadores, TVs e games entre os adolescentes se tornaram maiores.
“Se não houver diálogo familiar sobre o tema, os jovens serão cada vez mais prejudicados e expostos a problemas como a insônia”.
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