Lysa, o cão-guia robô destaque na Espanha

Invenção da capixaba Neide Sellin é finalista em um prêmio internacional. Ideia surgiu quando ela era professora na Serra

Lydia Lourenço, do jornal A Tribuna | 09/02/2022, 13:43 13:43 h | Atualizado em 09/02/2022, 13:44

srcset="https://cdn2.tribunaonline.com.br/img/inline/110000/372x236/inline_00110965_00/ScaleUpProportional-1.webp?fallback=%2Fimg%2Finline%2F110000%2Finline_00110965_00.jpg%3Fxid%3D292606&xid=292606 600w, Neide Sellin, idealizadora do cão-guia, conta que desenvolveu o projeto após conversar com uma aluna cega
 

O primeiro cão-guia robô do mundo, chamado Lysa, é mais uma vez destaque internacional em tecnologia. 

A criação da professora capixaba Neide Sellin, que pretende ampliar a acessibilidade de pessoas cegas, é finalista do Prêmio Fundación MAPFRE à Inovação Social, da Espanha, na categoria Prevenção e Mobilidade.

“Espero conseguir mais visibilidade e apoio, para que a tecnologia seja implantada em outros lugares do mundo”, ressalta a professora, que é finalista em outros prêmios de empreendedorismo.

A idealizadora de Lysa e CEO da empresa VixSystem conta que a ideia do cão-guia robô surgiu em 2014 quando trabalhava em um projeto de robótica em uma escola municipal da Serra. 

“Tínhamos de fazer um cachorro robô e eu quis fazer algo que tivesse uma função social. Perguntei a uma aluna cega da escola sobre seus desafios diários. Comecei a desenvolvê-la com base nisso”.

Lysa começou a ser desenvolvida e produzida no Espírito Santo em 2018, e no final de 2021 teve início a sua implementação em escolas e shoppings. 

A versão atual do robô faz a detecção e o desvio de objetos através de uma câmera, informando ao usuário os obstáculos à sua frente. Em breve terá um mapeamento que funcionará como GPS.  

O engenheiro agrônomo Ícaro Klippel, de 28 anos, é deficiente visual e possui um cão-guia há três anos. Contudo, ele acredita que a nova tecnologia é uma opção para pessoas com deficiência visual que ainda não possuem um cão-guia. 

“Dentro de espaços como shopping e supermercados seria muito bacana. Vai melhorar muito a autonomia do deficiente visual. Abre caminhos para quem tem apenas a bengala para se locomover, facilitaria muito”, afirmou.  

O psicólogo e terapeuta comportamental André Zonta explica que a autonomia é uma parte crucial para  as pessoas com essa deficiência. 

“Quanto mais possibilidades de ir e vir com autonomia e independência, melhor será para elas. Afinal, isso contribui para desenvolver qualidade de vida e ao mesmo tempo permite possibilidades de socializar em outros espaços”.

Opções de mobilidade para cegos

O cão-guia robô é uma tecnologia utilizada para oferecer mais autonomia e segurança na mobilidade de pessoas cegas. Para o treinador de cães-guias, Alessandro Barbosa, a invenção Lysa trará mais opções ao deficiente visual. 

“O cão-guia robô é uma opção para quem é alérgico, por exemplo, ou para quem não gosta de animais. É muito bom ter mais opções de auxílio na mobilidade”. 

Já em relação ao animal, segundo o treinador, além da questão da mobilidade, o cão que funciona como guia para pessoas com deficiência visual cria laços emocionais importantes.

“Acredito que isso a tecnologia não possa suprir, apesar de ser uma nova ferramenta útil para essas pessoas”, pondera. 

De acordo com o psicólogo e terapeuta comportamental André Zonta, com mais opções de mobilidade, a pessoa com deficiência visual terá melhor qualidade de vida. Porém, acredita que além da implementação da nova tecnologia é preciso se respeitar as formas de locomoção já existentes para essas pessoas. 

“Por isso, é necessário que os espaços também possam se adaptar a isso, aceitando cada vez mais o cão-guia como parte da pessoa que transita nos ambientes”, explicou o psicólogo. 

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