Lavrador morre após ser picado por cobra enquanto trabalhava

Caso aconteceu em Domingos Martins, na região Serrana do Estado

Amanda Drumond | 13/01/2022, 15:10 15:10 h | Atualizado em 13/01/2022, 18:20

srcset="https://cdn2.tribunaonline.com.br/img/inline/100000/372x236/inline_00109682_00/ScaleUpProportional-1.webp?fallback=%2Fimg%2Finline%2F100000%2Finline_00109682_00.jpg%3Fxid%3D284012&xid=284012 600w, Cobra que matou o lavrador. Em destaque: Fredolino Kempin |
 

Um lavrador de 43 anos morreu após ser picado por uma cobra venenosa, conhecida como Jararacuçu, enquanto trabalhava em sua plantação de bananas, em Galo, distrito de Domingos Martins. Após a picada, Fredolino Kempin ainda levou o bicho porque sabia que precisariam dele para a aplicação do soro antiofídico (antídoto contra o veneno da cobra).

De acordo com a sobrinha do lavrador, a técnica em enfermagem Angelica Laura Kempin Strey, de 28 anos, o incidente aconteceu no último dia 5 de janeiro, uma quarta-feira, enquanto ele trabalhava em sua plantação de banana. "Ela estava em um buraco de tatu e ele não viu, aí quando ele passou, ela saiu e picou a coxa dele", explicou a jovem.

Depois que matou a serpente, Fredolino foi levado a um hospital de Domingos Martins pela mulher. "Lá ele recebeu todo o atendimento, foi feito todo o protocolo de ofidismo e, na parte da tarde, aproveitei para ir visitá-lo, porque ele não tinha acesso à internet e nem telefone. Quando eu cheguei, ele estava muito desesperado e com muita dor. Eu consegui ver o estado da perna dele e parecia que ela ia explodir", relatou Angelica. 

Ainda segundo a técnica em enfermagem, o veneno da cobra deu para produzir seis ampolas de soro e Fredolino recebeu todas na veia. No entanto, não foi o suficiente para aliviar o efeito. No dia seguinte, uma quinta-feira (6), Fredolino foi reavaliado pelos médicos do hospital, que acharam melhor que ele fosse transferido para o Hospital Estadual de Urgência Emergência (HEUE), que fica em Vitória.

Já no hospital Estadual, Fredolino foi internado na UTI e, lá, a perna dele começou a ficar sem circulação nenhuma de sangue, e por isso, os especialistas sugeriram a amputação do membro, que foi realizada no último domingo (9).

"Ele estava lúcido a todo momento, conversando, ele mesmo assinou os papéis da amputação, toda a família entrou para vê-lo. Ele estava muito confiante que ficaria bem e até falou com a mulher dele para que ela separasse as muletas dele para quando ele tivesse alta. A cirurgia correu bem, conseguiram amputar a perna, mas uma hora depois, ele teve duas paradas cardíacas e morreu", contou a sobrinha do lavrador, que foi sepultado nesta terça-feira (11).

A jovem ainda contou que a família está sem chão. Fredolino deixa a esposa de 32 anos e dois filhos, um menino de 6 e uma menina de 2 anos.

A cobra Jararacuçu

Em entrevista ao Tribuna Online, o biólogo Daniel Motta, que é mestrando em Biologia Animal pela Ufes, explicou que o nome científico da Jararacuçu é Bothrops jararacussu. Em sua fase adulta, essa cobra pode atingir mais de 2 metros de comprimento, sendo considerada a segunda maior cobra peçonhenta do Brasil. 

De acordo com Motta, o veneno dela é potente e afeta, principalmente, os tecidos musculares, podendo causar a amputação do membro, como foi o caso de Fredolino, se não for administrado rapidamente o soro antiofídico. A dentição dela, segundo o biólogo, é solenóglifa ou seja possui dentes anteriores inoculadores de veneno.

Daniel também explicou que o fato de a cobra, que picou o lavrador, ter se escondido em um buraco não é incomum. "Na verdade, a Jararacuçu costuma se esconder em  buracos, troncos ocos e na serrapilheira. No entanto, a qualquer menção de perigo, ela possui o hábito de fugir. Por isso, acredito que ela tenha se sentido ameaçada de alguma forma", finalizou o especialista. 

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