De spray a pílula, cientistas planejam geração de vacinas

Em busca de novas formas de combater a covid, 140 imunizantes já estão em fase de testes em humanos, segundo a OMS

Rafael Gomes, do jornal A Tribuna | 24/01/2022, 17:35 17:35 h | Atualizado em 24/01/2022, 17:35

srcset="https://cdn2.tribunaonline.com.br/img/inline/110000/0x0/inline_00110159_00/ScaleUpProportional-1.webp?fallback=%2Fimg%2Finline%2F110000%2Finline_00110159_00.jpg%3Fxid%3D287128&xid=287128 600w, A farmacêutica Pfizer já produz a paxlovid, pílula utilizada para tratar infectados em estágio inicial da doença
 

A perspectiva de que o mundo terá de conviver com a covid-19 por anos impulsionou os estudos para criar novas formas de combater a doença. Na segunda geração de imunizantes que estão a caminho, até mesmo pílulas e sprays entram na lista.  

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 140 imunizantes estão em fase de estudo clínico – quando a vacina é testada em humanos. Outras 194 pesquisas passam pelo estágio pré-clínico, com testes em animais.

As atuais vacinas já passaram por todas essas etapas e são consideradas eficazes, já que cumprem a principal função, que é evitar casos graves da doença. Apesar disso, o surgimento de variantes, como a ômicron, fez crescer a busca por imunizantes que possam reduzir a transmissão e a infecção. 

Uma das tecnologias estudadas é a do spray nasal, que promete reduzir o alcance do vírus, diminuindo o contágio. 

A Pfizer, que já tem vacina, agora distribui um medicamento contra a covid-19. Chamado paxlovid, a pílula é utilizado para tratar pessoas já infectadas, que estejam no estágio inicial da doença. O tratamento prevê ingerir três pílulas, duas vezes por dia, por cinco dias.

No Brasil, o medicamento molnupiravir, que combate a progressão de casos leves a moderados em pacientes de risco, já está em análise pela Agência Nacional de Vigilância (Anvisa) para liberação.

Outros estudos em teste buscam vacinas “à prova de variantes”, uma delas está em teste em brasileiros: a vacina Senai Cimatec, em parceria com a empresa americana HDT Bio Corp. Ela aposta em alta proteção com baixíssimas doses – até 30 vezes menores que a Pfizer.

Uma das vantagens seria juntar, em uma só injeção, doses projetadas para cada uma das variantes.

As atuais vacinas, embora tenham como principal objetivo reduzir os casos graves, também diminuem a transmissão porque evitam a replicação do vírus  no corpo. “Vamos continuar dando dose de reforço a quem perde parte da proteção, mas o ideal é conseguir vacinas melhores, inclusive para prevenir formas leves”, afirmou o diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações, Renato Kfouri.

Brasileiro em Israel tomou novo remédio da Pfizer

Um brasileiro de 33 anos está entre as primeiras pessoas do mundo a ser tratada pela pílula contra a covid-19.

O economista paulista Simcha Neumark recebeu o medicamento  paxlovid, da Pfizer, no início do ano, após ser infectado pelo coronavírus. Ele foi o primeiro paciente de Israel tratado com a pílula.

Neumark tem a doença de Crohn (enfermidade crônica que afeta comumente os intestinos e não tem cura) e por isso, segundo ele, as vacinas contra covid não resultaram na criação de anticorpos. Ele disse ter sido vacinado cinco vezes, três em Israel e duas no Brasil, onde costuma viajar para a trabalho.

“Logo após o diagnóstico, eu fiquei com febre muito alta, muita dor de garganta e dores de cabeça terríveis. Mas, algumas horas depois de tomar as primeiras pílulas, já senti uma melhora incrível", ressaltou o economista.

Israel é um dos primeiros países do mundo a aplicar o paxlovid a infectados com o novo coronavírus, após o Ministério da Saúde do país aprová-lo. 

O remédio começou a ser distribuído no início do ano  para pessoas nos estágios iniciais da doença e com comorbidades, para tentar evitar que sejam hospitalizados. O primeiro carregamento no país continha 20 mil pacotes a US$ 350 (R$ 1.910, na cotação atual) a unidade.

O paxlovid foi testado em pacientes com quadros leves ou moderados de coronavírus. Menos de 1% dos que tomaram a droga tiveram que ser internados e não houve mortes no estudo de 30 dias conduzido pela farmacêutica.

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