Capixaba rege concerto em Milão

A maestrina Alice Nascimento esteve no Santuário di Santa Maria dei Miracoli e disse que se sentiu honrada com o convite

*Clóvis Rangel, do jornal A Tribuna | 17/04/2024, 14:20 14:20 h | Atualizado em 17/04/2024, 13:45

srcset="https://cdn2.tribunaonline.com.br/img/inline/170000/372x236/Capixaba-rege-concerto-em-Milao0017685800202404171345/ScaleUpProportional-1.webp?fallback=%2Fimg%2Finline%2F170000%2FCapixaba-rege-concerto-em-Milao0017685800202404171345.jpg%3Fxid%3D783288&xid=783288 600w, Alice durante concerto no Santuário di Santa Maria dei Miracoli

A capixaba Alice Nascimento, de 44 anos, brilhou internacionalmente. Ela regeu, no dia 8 deste mês, um concerto no Santuário di Santa Maria dei Miracoli, na Itália.

Alice é bacharel em piano, fez curso de canto lírico, é mestre em regência e maestrina regente da Filarmônica de Mulheres do Espírito Santo desde 2019.

O concerto na Itália contou com o patrocínio da Prefeitura de Milão e foi promovido pela Rede Culturale Cantosospeso.

A moradora de Vitória contou que o convite para se apresentar na cidade italiana veio da organização dos eventos que marcaram as homenagens ao maestro brasileiro Martinho Lutero, morto em 2020.

srcset="https://cdn2.tribunaonline.com.br/img/inline/170000/372x236/Capixaba-rege-concerto-em-Milao0017685801202404171345/ScaleUpProportional-1.webp?fallback=%2Fimg%2Finline%2F170000%2FCapixaba-rege-concerto-em-Milao0017685801202404171345.jpg%3Fxid%3D783289&xid=783289 600w, Alice Nascimento é regente da Filarmônica de Mulheres do Espírito Santo

O maestro foi o criador da Rede Cultural Luther King, em São Paulo, da Associação Cultural Tchova Xita Duma, em Maputo, e do Coro Cantosospeso, além de ter sido professor no Istituto di Musicologia di Milano e na Libera Università di Lingue e Comunicazione, ambos também em Milão.

“Me senti muito honrada pelo convite. Milão é um das principais cidades da música clássica. Nós também podemos comandar”, disse. Em um mundo dominado por regentes homens, a maestrina conta sobre a sua trajetória e os desafios para formar a orquestra.

Para Alice, além de música, a filarmônica tem como objetivo mostrar o poder e a capacidade da mulher.

“A Filarmônica de Mulheres do Espírito Santo por si só já é um impacto para a sociedade. Não é a ‘regra’, a ‘norma’ e não é o comum. Convidamos a sociedade para uma reflexão de que a mulher pode e deve ocupar o espaço que ela deseja de forma emancipada sem ter um homem por trás comandando. Nós também podemos comandar”, afirmou.

Alice também destacou a importância da orquestra em meio a tantos casos de violência contra a mulher. “Esta orquestra é para fazer música, mas também é para que a sociedade que mata e bate em tantas mulheres e na qual os companheiros praticam tanta violência reflita. Enquanto não falarmos sobre isso, não vamos conseguir mudar esses índices de violência, e o objetivo da orquestra também é mostrar que essas mulheres têm sonhos e que podem exercer liderança”.

De acordo com Alice, o projeto procura quebrar os desafios criados pelo mundo da música. “A filarmônica é um exemplo do protagonismo feminino. É uma maneira de mostrar o que de fato é o empoderamento”.

“Meu sonho agora é divulgar a nossa música capixaba”

A Tribuna- Como se sentiu quando soube que iria reger um concerto em Milão?

Alice Nascimento- Me senti muito honrada. Levei tempo para acreditar, fiquei muito feliz por representar as mulheres, o nosso Estado.

Como a música clássica entrou na sua vida?

Quando eu tinha cinco anos, vi uma moça tocando piano em uma igreja e aquilo ficou muito forte em mim. Aos 17 entrei nesse meio e não saí mais.

Após Milão, tem vontade de reger em qual lugar?

Meu sonho agora é trazer nossas mulheres da Filarmônica para Milão. Meu sonho agora é divulgar a nossa música capixaba, a nossa cultura. Vamos batalhar para isso acontecer!

Qual foi o maior desafio para começar na música clássica?

O maior desafio foi começar a estudar. Eu demorei a ter oportunidades e condições. Mas a vida me levou para caminhos que pude realizar meus sonhos.

Qual conselho que você deixa para os jovens que querem viver de música clássica?

O principal é estudar, estudar e muito. Existem vários projetos e cursos gratuitos. Além disso, viver no meio e se aproximar de pessoas boas do meio.

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