Advogado capixaba recebe bilhete racista na Argentina

| 24/01/2020, 18:56 18:56 h | Atualizado em 24/01/2020, 19:29

srcset="https://cdn2.tribunaonline.com.br/prod/2020-01/372x236/bilhete-f623eaac7c856468530f9c7cbd6d943e/ScaleUpProportional-1.webp?fallback=%2Fprod%2F2020-01%2Fbilhete-f623eaac7c856468530f9c7cbd6d943e.jpg%3Fxid%3D105785&xid=105785 600w, No bilhete estava escrito "hay que ser negro sucio" (tinha que ser um negro sujo, em tradução livre)
O advogado Ramon Ferreira Lopes, presidente da Comissão da Jovem Advocacia da OAB-ES, passou por uma situação constrangedora em Buenos Aires, na Argentina.

Ele, que está realizando mestrado na cidade, encontrou no apartamento onde mora um bilhete com os dizeres "hay que ser negro sucio" (tinha que ser um negro sujo, em tradução livre).

O caso aconteceu na última quarta-feira (22), e o advogado, indignado, foi para as redes sociais para relatar o ocorrido.

"Estou a milhares de quilômetros de casa, estudando, em um país que sou apaixonado, e agora recebendo um bilhete racista", disse na postagem, que mostra uma foto do bilhete.

Como não há câmeras no apartamento ou nos corredores, não há a possibilidade de identificar quem colocou o bilhete na porta. O advogado explicou que a situação se agrava ainda mais, uma vez que ele não tem testemunhas ou como provar, de alguma forma, o que realmente aconteceu, principalmente sendo estrangeiro.

"Essa palavra (sucio, "sujo") é muito comum ser usada por aqui nessas situações, a exemplo do futebol. Na legislação brasileira, isso é injúria racial", explicou o advogado.

Comissão na OAB

A repercussão do fato mobilizou a Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Espírito Santo (OAB-ES), que criou a Comissão de Igualdade Racial.

De acordo com o presidente da Ordem, José Carlos Rizk Filho, a comissão trabalhará ativamente no incentivo de criação de políticas afirmativas e ações para conscientização.

"Essa é uma forma de trazer em pauta esse assunto, que muitas pessoas acham que está esquecido. Principalmente para pessoas de gerações mais antigas, que enxergam essas situações com normalidade, quando, na verdade, não se pode mais tolerar coisas do tipo", comentou.

A comissão planeja começar a realizar palestras sobre o assunto, abordando o histórico de escravidão no Brasil, a criação de cotas, além de criar políticas de educação acadêmia e ações executivas.

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