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Tribuna Livre

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Colunista

Leitores do Jornal A Tribuna

Chuvas e solidariedade, o exemplo do Espírito Santo

| 01/02/2020, 09:55 09:55 h | Atualizado em 01/02/2020, 10:03

Lembro-me bem das histórias que meu pai contava de quando, ainda criança, morando em Cachoeirinha do Rio Pardo (atualmente Irupi), ia pescar com seu avô e minhas tias no distrito ao lado. Na época, Iúna, ainda não era município, sendo conhecida como Rio Pardo.

Imagem ilustrativa da imagem Chuvas e solidariedade, o exemplo do Espírito Santo
O delegado federal, adido da PF nos EUA e mestre em Gestão Pública pela Ufes, Eugênio Ricas |  Foto: Divulgação

Hoje, cumprindo missão de três anos nos EUA, acompanho distante e com tristeza o drama vivido pelas famílias capixabas atingidas pela chuva.

Até ontem eram 10 mortos, 14.098 pessoas desalojadas e 1.245 pessoas desabrigadas em 27 cidades do ES, conforme dados da Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil. Cerca de 700 casas e 300 pontes foram destruídas. É uma tragédia!

O filósofo inglês Thomas Hobbes tornou célebre a frase “o homem é o lobo do homem”. Quis dizer, em apertada síntese, que o homem é o maior inimigo do próprio homem, capaz de cometer grandes maldades contra seu semelhante.

Hobbes prossegue defendendo o estabelecimento do que chamou de contrato social, onde uma autoridade centralizada, com poder absoluto, ficaria responsável por proteger a sociedade, gerando paz e civilização.

Mas o que Thomas Hobbes e seus ensinamentos têm a ver com as chuvas que têm castigado o Espírito Santo?

Um vídeo que circulou nas redes mostrou algumas pessoas se aproveitando do caos para saquear estabelecimentos completamente inundados. É a barbárie completa! A falta de humanidade, sensibilidade e decência de algumas pessoas realmente mostram que o que Hobbes falou no século XVII vale para os dias de hoje.

O mesmo vídeo mostra pessoas armadas (possivelmente policiais de folga), que colocam saqueadores para correr, tentando impor alguma ordem num ambiente de caos. Se por um lado, portanto, temos exemplos que demonstram o pior lado do ser humano, por outro temos exemplos que demonstram que ainda podemos, sim, ter esperança.

O que não tem faltado, aliás, são exemplos de solidariedade, compaixão e voluntariado. Vemos grandes correntes de doação de alimentos, roupas e utensílios de todos os tipos.

Iconha, por exemplo, receberá mais de 20.000 livros doados por pessoas e por uma editora. Incontáveis voluntários têm ajudado na limpeza e na recuperação. Grandes escritórios de advocacia têm oferecido, gratuitamente, seus serviços aos que foram severamente atingidos. É a vitória do bem contra o mal!

Em 1979, chuvas torrenciais castigaram o Espírito Santo, deixando milhares desabrigados. Na ocasião, Dom João Batista da Mota e Albuquerque, primeiro arcebispo de Vitória, proclamou: “Só o povo salva o povo”. Fez referência, justamente, à necessidade das pessoas ajudarem umas às outras nas tragédias.

A frase permanece atual e indica um caminho para que avancemos como sociedade. Felizmente, a maioria dos capixabas já aprendeu o que Dom João ensinou no século passado. Os exemplos de solidariedade nos enchem de orgulho e de esperança de que dias melhores virão.

Que Deus abençoe nossos irmãos atingidos pelas chuvas e que a solidariedade nunca falte em nosso Espírito Santo!

Eugênio Ricas é delegado federal, adido da PF nos EUA e mestre em Gestão Pública pela Ufes.

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