Justiça do RS aumenta penas de pai e madrasta do menino Bernardo Boldrini
Leandro Boldrini e Graciele Ugulini foram condenados a 13 anos e 15 dias de prisão em regime fechado por tortura
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A Justiça do Rio Grande do Sul determinou o aumento das penas do pai e da madrasta do menino Bernardo Uglione Boldrini, assassinado em 2014 aos 11 anos de idade.
Leandro Boldrini e Graciele Ugulini foram condenados a 13 anos e 15 dias de prisão em regime fechado por tortura, e a quatro anos, nove meses e 15 dias de detenção em regime semiaberto por abandono material.
Eles já haviam sido condenados, em 2019, por homicídio quadruplamente qualificado e falsidade ideológica — Ugulini a 34 anos e sete meses de prisão, e Boldrini, a 31 anos e 8 meses de prisão.
A defesa de Leandro disse que vai avaliar a decisão para definir os próximos passos, e a de Graciele não respondeu até a publicação desta reportagem.
A 6ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS), além de aumentar a pena, exigiu pagamento de multa de dez vezes o valor do salário mínimo da época, corrigido pelo IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado).
A decisão do desembargador João Pedro de Freitas Xavier foi acompanhada pela desembargadora Lizete Andreis Sebben e pela juíza convocada Geneci Ribeiro de Campos.
As penas anteriores, de seis meses e 20 dias para o crime de tortura e dois anos e seis meses para abandono material foram consideradas brandas pelo Ministério Público gaúcho, que entrou com recurso pedindo revisão. Segundo o voto do desembargador, a família nuclear de Bernardo contribuiu diretamente para o seu sofrimento físico e mental e o privou de um vida digna.
O pai e a madrasta de Bernardo também respondiam pelo crime de submissão a vexame e constrangimento, mas a acusação prescreveu.
Em nota, a defesa de Leandro Boldrini disse que ainda não concluiu a análise integral do conteúdo do acórdão.
"Tão logo finalizado esse exame técnico detalhado, será avaliado se há elementos jurídicos passíveis de impugnação por meio de recurso especial e ou extraordinário", diz o texto assinado pelos advogados Ezequiel Vetoretti, Eduardo Vetoretti e Rodrigo Grecellé Vares.
O caso ocorreu no município de Três Passos, a cerca de 470 km de Porto Alegre. De acordo com a Justiça, Bernardo Boldrini morreu após receber uma superdosagem de um sedativo aplicado pela madrasta. O corpo do menino foi encontrado dez dias depois, enterrado em um matagal em um município vizinho, Frederico Westphalen.
Registros em áudio e vídeo encontrados pela perícia no celular de Leandro mostram que Bernardo era vítima de maus-tratos. Em um dos vídeos, ele é filmado pelo pai, após uma briga, gritando por socorro.
A mãe de Bernardo, Odilaine Uglione, foi encontrada morta com um disparo de arma de fogo em 2010, na clínica médica do então marido. A conclusão da polícia foi de suicídio, mas familiares e peritos particulares questionam essa versão.
Em 2024, Boldrini teve seu registro profissional como médico cassado pelo Conselho Federal de Medicina.
Amiga da madrasta, Edelvânia Wirganovicz também foi condenada, em 2019, a 22 anos e dez meses de prisão pelos crimes de homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. Ela admitiu ter feito uma cova para enterrar o corpo do menino.
O irmão de Edelvânia, Evandro Wirganovicz, foi condenado a nove anos e seis meses de prisão por ter auxiliado a irmã a fazer a cova.
Em 22 de abril deste ano, Edelvânia Wirganovicz foi encontrada morta em sua cela no Instituto Penal Feminino de Porto Alegre, onde cumpria pena. Ela estava no semiaberto após obter progressão do regime. Segundo a polícia, o caso é tratado como suicídio.
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