Batata quente
O coronavírus aumentou o jogo de empurra no cenário político brasileiro, na avaliação de integrantes do Congresso, do Ministério Público e do Judiciário. Fora a condução desastrada de Jair Bolsonaro, autoridades têm se esquivado de responsabilidades.
No Executivo, o discurso é de que a demora na ação se dá por culpa do Legislativo. No Congresso, reclama-se das atitudes do presidente da República e se cobra ação da Procuradoria-Geral da República que, por sua vez, também passa a bola.
Não tá comigo - O ponto mais crítico do momento é o que envolve a Economia. Depois de a Advocacia-Geral da União ter conseguido uma liminar no STF que autoriza gastos emergenciais durante a crise, o ministro Paulo Guedes segue dizendo que não tem como viabilizá-los sem que o Congresso aprove uma PEC.
Nem comigo - De outro lado, a PGR tem sido pressionada a se posicionar contra Bolsonaro, inclusive para pedido de afastamento. Entre membros da procuradoria-geral, no entanto, a cobrança é vista como uma tentativa de transferir responsabilidades que são do Congresso, que poderia agir por conta própria.
Comigo também não - Na avaliação de integrantes do Judiciário e de governadores, o Legislativo tem sido complacente com as ações de Bolsonaro. Por esta análise, o impeachment não seria a única solução e parlamentares deveriam tomar medidas para dar um freio no presidente.
Sumidos - A crítica do empurra-empurra também atinge outras lideranças políticas. Os ex-presidentes Lula e FHC e o apresentador Luciano Huck são cobrados por se esquivarem em momento delicado do país.
Timing - Huck ainda entrou na mira da oposição depois dos comerciais da Magazine Luiza, em que recomenda que as pessoas comprem virtualmente na rede de varejo e fala de frete grátis. A avaliação é que faltou sensibilidade.
Tic-tac - Sancionado nesta quarta (1) à noite, o pagamento da renda básica de R$ 600 para informais ainda depende do funcionamento da plataforma para a inclusão de nomes de beneficiários. Até a noite desta terça (31), prefeitos ainda não haviam sido informados sobre como funcionará o sistema. A procura por informação e pedidos por inscrições, principalmente nas pequenas cidades, é crescente.
Eldorado - Ao incluir lotércas na lista de serviços essenciais que podem permanecer abertos durante o período de isolamento, Jair Bolsonaro ajudou seu irmão Angelo, proprietário da lotérica Trilha da Sorte em Eldorado, cidade no interior paulista onde o presidente foi criado.
Pode chegar - A lotérica reabriu após decisão do TRF-2 desta terça (31), que liberou a vigência do decreto presidencial. Ao Painel, Angelo disse que estão funcionando com restrições. Perguntado sobre o irmão, afirmou: "Cuida da sua vida que eu cuido da minha". A assessoria de imprensa do Palácio respondeu que não comentaria o assunto.
Racha - Antagonistas na crise do novo coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro e o governador João Doria (PSDB-SP) têm vivido um cabo-de-guerra pelo apoio dos caminhoneiros. Primeiro, há o temor do caos social que uma paralisação da categoria criaria no momento. Segundo, o apoio dos caminhoneiros pode ser valoroso para os dois políticos com ambições eleitorais.
Quem dá mais - Os acenos de ambos aos caminhoneiros são muitos: suspensão da pesagem, aplicativos, envio de alimentos, espaços de repouso. Parte dos caminhoneiros elegeu Doria como alvo e se queixa do impacto do fechamento do comércio.
Justiça - O Gabinete de Segurança Institucional da Presidência diz que as pessoas que estão utilizando dados pessoais que o ministro-chefe Augusto Heleno publicou nas redes para cadastros poderão ser processadas. "Se fizerem má utilização, estarão sujeitas às penas da lei."
Cadastrado - Pessoas têm publicado que estão registrando Heleno em partidos, como PT e PSOL, em lojas, como mesário. Segundo o GSI, não houve erro de Heleno. "Qualquer prédio comercial com portaria organizada tira cópia da identidade de quem entra."
TIROTEIO
"O paredão do BBB refletiu os novos ânimos da maioria dos brasileiros em relação àquela família de incompetentes."
De Jean Wyllys, ex-deputado federal e vencedor do BBB em 2005, sobre a politização da disputa entre Manu Gavassi e Felipe Prior, derrotado.