Ataque dos desalmados
“Não sou eu que vou abrir ou não o futebol, mas já conversei com o ministro da Saúde em dar um parecer um nesse sentido, para que o futebol volte sem torcida. Da nossa parte, esse parecer deve ser feito, como acertado com o ministro Nelson Teich e como parece que também a Anvisa vai dar um parecer nesse sentido...”
A declaração do presidente Jair Bolsonaro, em entrevista à Rádio Guaíba, de Porto Alegre, ontem, assim mesmo, com frases mal encadeadas em seu discurso “nonsense”, me obriga o grito de alerta.
Pois já não sei se a classe futebolista, tendo à frente jogadores e treinadores, deveria se dar por satisfeita quando os pareceres do Ministério da Saúde e da Anvisa liberarem a retomada das atividades.
Porque à esta altura, depois das declarações do Presidente, a leitura técnica e científica destes órgãos soa contaminada pelos interesses econômicos.
E influenciada, sim, pela pressão que alguns dirigentes têm feito por debaixo do pano, aproveitando a relação com a “bancada da bola”.
A postura de alguns deles, que ainda não vale a pena nominar, chega a ser vergonhosa.
O futebol, movido pelas altas cifras que o tornam um dos negócios mais vultosos da nossa economia, sofre, a gente sabe, tanto quanto a indústria e o comércio.
Flamengo
O Flamengo, por exemplo, movimentou em 2019 algo próximo a R$ 1 milhão e estimava este ano crescimento de mais de 50%. E investiu pesado para isso — em pessoal e infraestrutura.
Mas não joga sozinho. E nem por isso deve forçar a mão, mascarando um risco que é ainda inestimável para todos que compõem a cadeia.
Jogadores e técnicos já estão de olho. E, em nome daqueles que não têm som e imagem, já levantam suas vozes contra os desalmados.