Associação cobra Câmara de Vitória por “violência de gênero” contra vereadora
A Associação das Câmaras Municipais e de Vereadores do Espírito Santo (Ascamves) cobrou um posicionamento da Câmara de Vitória após o vereador Gilvan da Federal (Patriota) interromper, aos gritos, a fala da vereadora Camila Valadão (Psol) durante a sessão ordinária da última quarta-feira (14).
Os vereadores debatiam sobre o projeto da Prefeitura que muda a lei orgânica referente à previdência dos servidores quando Camila começou a discursar. Gilvan, no microfone, a interrompeu dizendo que ela não teria moral para falar por ser do Psol. A vereadora Karla Coser (PT) chegou a interferir, pedindo respeito e ouviu a mesma coisa: que não terial moral para falar e nem citar o nome dele por ser do PT.
Numa nota de repúdio, a Ascamves chamou a atitude do vereador de “arrogante e sexista”. “As vereadoras que integram a Câmara Municipal de Vitória, assim como o dito vereador Gilvan, foram legitimamente eleitas, de forma democrática, para exercerem seus mandatos com honra, dignidade e, principalmente, respeito, independente da sigla partidária pela qual foram eleitas. A Ascamves repudia o tratamento estúpido e com violência política e de gênero do vereador Gilvan da Federal para com suas colegas vereadoras”.
A Ascamves também cobrou uma postura da Mesa Diretora da Câmara, “para evitar que situações desrespeitosas como as que ocorrem com frequência neste parlamento, sempre envolvendo o mesmo vereador, não voltem a se repetir” e lembrou da sessão especial em alusão ao Dia da Mulher, quando Gilvan criticou a roupa de Camila – ela usava uma blusa vermelha que deixava um dos ombros de fora – afirmando que “quem quer respeito, se dá ao respeito”.
Na noite de quarta-feira, a diretoria feminina da Ascamves já tinha emitido nota de repúdio sobre o caso, que foi noticiado na coluna desta quinta-feira.
“Não serei silenciada”
Logo após a sessão, a vereadora Camila emitiu uma nota à imprensa sobre o caso. “Mais uma vez o vereador tenta de forma violenta me interromper e me silenciar. Sou uma mulher eleita e não serei silenciada”. Além da interrupção, é comum o vereador Gilvan associar os partidos de esquerda, principalmente o PT e o Psol, com crimes. Da tribuna da Câmara ele já afirmou que as legendas defendem pedofilia e drogas.
A assessoria de imprensa do vereador Gilvan foi procurada na noite de quarta (14) para falar sobre o assunto, mas até o momento não se manifestou.
Quebra de decoro
Procurada, a Câmara de Vitória informou que a nota de repúdio da Ascamves será lida em plenário na próxima sessão da Casa – que será no dia 27, já que os vereadores anteciparam três sessões na última quarta-feira. “Na ocasião em que será reiterado que o regimento interno impede que vereadores interrompam a fala de outro vereador que esteja fazendo uso da fala. Insistência nessas atitudes podem serem entendidas como quebra de decoro”.
A Câmara não se pronunciou, porém, sobre a acusação da Ascamves de violência política de gênero, que supostamente o vereador teria cometido e nem se ele receberá qualquer tipo de sanção pelo ato.