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Martha Medeiros

Martha Medeiros

Colunista

Martha Medeiros

Assim como nós perdoamos

| 06/09/2020, 09:40 09:40 h | Atualizado em 06/09/2020, 09:46

Imagem ilustrativa da imagem Assim como nós perdoamos

Você perdoaria uma traição amorosa? Perdoaria uma demissão injusta? Perdoaria um amigo que te insultou? Foram algumas das perguntas que me fizeram num recente programa que tinha o perdão como o tema. Se eu respondesse “não”, a questão estaria encerrada, mas como me inclinei para o “sim”, vale um esclarecimento antes que eu ganhe o troféu Água com Açúcar 2020.

Perdoar me parece um verbo um tanto arrogante. Deus perdoa, Papas idem, padres também — simples mortais passam uma borracha no assunto. É o que faço, agora que sou uma mulher madura, sem tempo para desperdiçar com as obstruções que encontro pelo caminho.
Faz tempo que não uso mais este verbo, perdoar, desde que, poucos anos atrás, tive oportunidade de conversar com o jornalista Nelson Motta: fiquei encantada com a doçura, a leveza, a jovialidade daquele guri que estava na véspera de completar 70 anos. Qual o segredo? perguntei. “Não guardo rancor”.

É isso. Não guardar rancor é o mesmo que perdoar, só que sem a pompa. Ninguém precisa ajoelhar na nossa frente, nem rogar por nada. A gente simplesmente deixa pra lá e toca a vida.
Não é a coisa mais fácil do mundo, antes é preciso deglutir a pancada, mas há um limite de tempo para essa ruminação, caso contrário, envelhecemos arrastando correntes.

A medida do imperdoável é sempre a intensidade da dor. Quando somos jovens, tudo dói mais. Ainda nos sentimos especiais, mimados, e ai de quem abalar nossos sentimentos. Até que a gente amadurece e se dá conta que mágoas & afins estão na categoria “coisas que acontecem”.
Todos fazem besteiras, nós inclusive. Ninguém gosta de se sentir ofendido, mas alimentar a raiva é mau negócio: tudo que fica retido dentro da gente acaba nos implodindo de alguma forma. Poema de Vera Americano: “Perdão/duro rito/de remoção do estorvo”.

Já me aprontaram. Pessoas próximas, outras nem tanto. E daí? Estou mais preocupada em viver bem, tarefa que exige boa parte do meu tempo. Não sobra para dar cartaz aos vacilões.

Crime é outra coisa, a pessoa tem que se ver com a Justiça. E se mexerem com minhas filhas, esqueça tanta benevolência, viro uma leoa, saio da toca faminta pela jugular de quem se atrever.
Mas guardar rancor durante décadas por ter sido frustrada, negligenciada ou algo do tipo? É dar muita trela para nosso ego: ele é péssimo em dimensionar revezes, faz tudo parecer maior do que é.

Outro dia um amigo disse algo muito sábio: a maioria das pessoas agressivas não são más, são apenas infelizes. “Apenas” infelizes. Então, misericórdia.
Pragueje um pouco e depois esqueça a afronta, pois o castigo delas começou bem antes de terem cruzado com você.
 

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