Ao se deparar com doenças crônicas e recidivantes, o profissional luta, para junto ao doente, não esmorecer.
As denominadas doenças inflamatórias intestinais se enquadram nesse decepcionante perfil, onde tratamentos longos, falha na resposta terapêutica e presença de complicações, adubam o desânimo de ambos.
Retocolite Ulcerativa e Doença de Crohn são processos inflamatórios onde o sistema imune reage contra a flora intestinal, gerando irritação crônica.
De uma hora para outra, a pessoa, em geral jovem, começa a perder peso, sentir dores abdominais e apresentar diarreias constantes.
Embora esses não sejam sintomas específicos, muitas vezes é assim que se manifestam as doenças inflamatórias intestinais, conjunto de distúrbios cuja ocorrência vem crescendo mundo afora. São patologias antigas, citadas por Hipócrates, antes de Cristo.
Sugere-se que seu aumento se deva às melhores condições de saneamento, vacinação e diminuição da incidência de parasitoses, reforçando a teoria de que a higiene tanto cura como favorece o aparecimento de enfermidades.
Muito se especula em relação à etiologia das doenças inflamatórias intestinais, embora até hoje pouco se saiba sobre sua origem, sendo sugerido que elas têm como causa uma união complexa de fatores ambientais, genéticos, microbianos e imunológicos.
Retocolite ataca o intestino grosso, enquanto a Doença de Crohn pode afetar o sistema digestivo da boca ao ânus, além de outros locais, como pele, olhos e articulações.
Apesar de visíveis diferenças epidemiológicas, genéticas e imunológicas entre as doenças inflamatórias intestinais, nem sempre é possível diferencia-las claramente, uma vez que podem ter manifestações clínicas parecidas e muitas vezes até ocorrerem juntas em um mesmo paciente.
Um dos maiores desafios no manejo do indivíduo com essas colites é o grande número de comorbidades que se associam à doença. Entre as manifestações comuns estão à dor abdominal e diarreia sanguinolenta.
Retocolite apresenta fezes com muco e sangue, urgência evacuatória e sensação de peso. Nos casos graves pode surgir febre, perda de apetite e astenia. Além disso, pode haver acometimento de outros órgãos, como fígado e articulações.
Os achados na Doença de Crohn também variam de acordo com a extensão do comprometimento, surgindo perda de peso, dor abdominal, diarreia com sangue e febre.
Em ambas as doenças podem surgir queixas extras intestinais, como anemia, manifestações reumatológicas e oftalmológicas.
O tratamento das doenças inflamatórias intestinais é dependente da extensão da patologia, devendo ser avaliada antes de se iniciar qualquer terapêutica.
Fármacos, como loperamida e derivados da atropina devem ser evitados, pois podem causar megacolo tóxico. Compostos, como 5-ASA, corticoides, imunomoduladores, entre outros, conseguem melhorar os sintomas, mas não curam a doença.
Ansiedade favorece o aparecimento de crises, e crises desencadeiam angústia, irritação e medo, alimentando quadros depressivos.
O estresse emocional precisa ser administrado antes que colabore na manifestação dos sintomas. Além de medicamentos, lazer, repouso e alimentação correta são recomendados para ajudar na manutenção do equilíbrio físico e mental, tão importantes para o sucesso do tratamento.
Diante de uma doença inflamatória intestinal, o sensato é aceitar e lutar. Criar excesso de expectativas torna-se o caminho mais curto para a frustração.
João Evangelista Teixeira Lima é clínico geral e gastroenterologista
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