Artistas capixabas montam confraria para compor músicas
A música capixaba acaba de ganhar um verdadeiro “supergrupo”. É a Confraria das Letras, que conta com membros das bandas Kalifa, Macucos, Salvação, Java Roots, Projeto Feijoada, entre outras bandas que fazem sucesso nos palcos do Estado.
E foi no bucólico balneário da Barra do Jucu, em Vila Velha, que tudo isso nasceu. É o que conta o músico e compositor Diego Lyra, fundador da banda Kalifa e vocalista d'A Maravilhosa & Mágica Orquestra de Rua (AMMOR).
“Sou morador da Barra e eu e meus amigos sempre fazemos encontros esporádicos aqui em minha casa. O Fred me procurou dizendo que estava gravando um disco de 20 anos do Macucos e pediu ajuda para compor. Esse foi o ‘start’ dos encontros e ele começou a vir toda segunda”, explica Diego.
Daí pra frente, outros nomes, como Rodrigo CX, Flávio Marão e Chocolate, começaram a participar desses encontros musicais.
Uma amostra desses momentos criativos pode ser conferida no clipe de “Caraíva Meu Amor”, que está sendo lançado nesta segunda-feira (26).
“A música é uma história de amor, saudade e areia. Uma história sobre uma vila na Bahia, que, assim como Itaúnas, Regência e Matilde aqui no Estado, mexe conosco”, reflete Lyra.
Apesar de ser um forró, a música não vai refletir no futuro musical da banda. “Nossa ideia é multiplicar a musicalidade. É que a gente seja um ponto de encontro de autores e poetas capixabas”, diz Diego, que espera buscar contribuições e outros artistas do Estado.
“A Confraria é um baú, só que aberto. Um artista que está em início de carreira, ou até mesmo consagrado, pode nos procurar. Queremos que pessoas participem conosco”, ressalta Diego, fazendo um convite à classe artística capixaba.
Entrevista - Diego Lyra, músico: “Essa é a magia da música”
AT2 - Como nasceu a Confraria das Letras? No início, vocês encaravam como algo sério ou era mais um respiro?
Diego Lyra - Nasceu de uma maneira espontânea, com a finalidade de fazer música e sem pretensão de disco. Cada um tem seu projeto e a gente sempre compõe para esses trabalhos. Na confraria, nos damos a liberdade para compor sobre temas originais. É uma coisa bem orgânica. Um encontro natural e orgânico de amigos compositores que resulta em música.
Apesar desses encontros existirem há quase dois anos, foi durante esse período de isolamento social que vocês decidiram “formalizar” a banda?
Sim, começamos a pensar na Confraria para ser apresentada durante a pandemia. Eu e Fred chegamos a abrir uma live com “Caraíva Meu Amor”. Depois disso, o pessoal já pedia e cantava, antes de ser gravada.
Em um grupo que tem tantos músicos com projetos consolidados, é certo dizer que a Confraria é um espaço de experimentalismo para vocês?
Perfeito. Inclusive, vários artistas nos procuram com projetos inacabados e nós os ajudamos.
Temos a intenção de musicar um poema também. Pensamos trazer autores para nossos encontros. A ideia não é pegar algo pronto. Queremos a participação de um poeta em nosso processo criativo.
Além de experimentar novos estilos musicais, o que mais a Confraria é para você?
É meu refúgio. É como minhas nuvens. É onde a gente relaxa no violão. Aqui, a gente dá a liberdade de flutuar nos estilos que nosso coração determina. Nos fiamos pela música, pela emoção do momento e para onde isso vai levar. Por isso a gente fala que nosso encontro é uma válvula de escape.
Tiveram que interromper os encontros durante a pandemia?
Paralisamos, mas já retornamos. Hoje será a terceira segunda-feira dos reencontros. Porém, nesse primeiro momento, estamos receosos de abrir muito a outros artistas, por causa da pandemia.
E como está sendo se reencontrar com a galera?
Eu estava morrendo de saudade daqueles caras! Ficamos quatro meses e meio sem nos encontrarmos. Acabou que a Confraria foi uma válvula nesse sentido: a gente fazia live e o público recebia. “Caraíva Meu Amor”, por exemplo, pegou o público antes de ser gravada.
Por ser um projeto tão livre, há essa empolgação de como se estivessem montando a primeira banda de vocês?
É muito isso! Imagina: a banda Kalifa tem 13 anos, Macucos, 20. A banda Salvação e Java Roots estão aí há muito tempo. Todo mundo ali está nesse senso burocrático. Se a gente não se blindar dessa parte formal, a gente se deixa levar. Essa é a magia da música. Esse projeto resgatou o sentido de ser artista.
Quais são as novas canções que vocês vão lançar?
Temos uma segunda música que vai ser lançada que se chama “Calmaria”, que é produzida pelo Bruno Sig, um cara que nos abraçou e é um ótimo profissional.
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