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Claudia Matarazzo

Claudia Matarazzo

Colunista

Claudia Matarazzo

Apreciar vinho é para todos

| 21/01/2021, 10:19 10:19 h | Atualizado em 21/01/2021, 10:22

Recentemente, uma troca de garrafas de vinho em um restaurante em Nova Iorque criou a polêmica no mundo do vinho: um casal degustou um vinho de aproximadamente R$ 100, acreditando ser um Chateau Mouton Rothschild – muito superior em qualidade e 100 vezes mais caro –, enquanto outra mesa se deliciava com o vinho que eles haviam pedido.

Desfeito o engano, o caso foi motivo para várias discussões, inclusive a de que “esse papo de enologia é tudo bobagem, vinho é tudo igual”.

Tudo igual não, cara pálida! O problema é que, de modo geral, as pessoas tendem a perceber a enologia como algo que se restringe a valores e/ou preço de mercado. E o vinho vai muito além de números, gradação de álcool e batizar as “notas” com referências poéticas, como “orvalhada” ou “amadeirada”.

Tomemos o exemplo do casal que pediu o caro e ótimo Chateau Mouton de Rothschild: o que faz alguém querer pagar, aproximadamente, R$ 11 mil? Há várias opções, certo?

–Eles têm bala, podem pagar e, portanto, quiseram ostentar.

–Eles têm bala, podem pagar e estavam comemorando algo muito especial.

– Eles são enólogos apreciadores de vinho e ganharam na loteria. Portanto, estão realizando o sonho da vida.

– Eles são jornalistas e estavam fazendo uma matéria, anônimos, com o cartão corporativo da sua empresa para a seção de vinhos.

Há várias hipóteses que, inclusive, podem se sobrepor. Outra pergunta: por que não perceberam que estavam tomando um vinho agradável, sim, mas não aquele caríssimo que haviam pedido?

Arrisco algumas possibilidades:

– A comida que pediram estava tão boa que harmonizou superbem com o vinho, deixando tudo perfeito.

– Eles não entendiam nada de vinhos, mas, como tinham dinheiro, pediram o mais caro “para garantir”.

– Eles estavam tão apaixonados, entretidos em comemorar a felicidade, que qualquer vinho seria apreciado igualmente.

Percebam que o “apreciar” um vinho tem muitas variantes – já dizia um ditado antigo que “o melhor vinho é aquele do qual eu gosto” – porque depende de cultura, hábito e do momento em que você degusta. E também, claro, da sua familiaridade com a bebida.

Cresci tomando vinho nos almoços familiares, na casa de meu avô italiano. Vinhos “bons”, considerando a exigência de qualidade de minha avó, do norte da Itália. Não “entendia” de vinhos: apenas bebia, e gostava.

Acompanhavam risotos, massas deliciosas e fofocas familiares saborosas em momentos felizes.
Na faculdade, desenvolvi uma alergia que, hoje entendo, devia-se à química usada em alguns vinhos “inferiores”. Eu bebia, mas passava o dia seguinte vermelha e “empipocada”.

Quando conheci meu marido, criado na Toscana, contei sobre minha alergia. Ele riu e disse: “vinho bom não dá alergia!”.

Há 32 anos bebemos os vinhos que ele escolhe – e nunca mais empipoquei, pois, embora não seja enólogo, ele aprendeu a apreciar desde sempre.

Pois é: uma coisa é plantar, desenvolver métodos de produção, análise e catalogação de vinhos. Outra, é apreciar. Com todas as belas variantes que a vida pode nos proporcionar.

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