Adolescente vai parar na UTI após usar anticoncepcional
Uma adolescente de 16 anos está internada na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) de um hospital em Vitória, desde segunda-feira, após uma trombose abdominal em decorrência do uso de anticoncepcional.
Ela começou a tomar a pílula há quatro meses e, na semana passada, apresentou uma dor na barriga, no lado esquerdo, e um inchaço na perna esquerda, indo parar no pronto-socorro. Lá, ela foi submetida a um tratamento para infecção urinária.
Como o quadro não melhorou, a adolescente retornou na segunda-feira, sendo identificada, por meio de tomografia de abdômen, uma trombose venosa profunda – formação de coágulos no interior das veias profundas.
De acordo com o cirurgião vascular Brenno Seabra, a paciente precisou passar por uma trombectomia.
“A trombectomia é um procedimento como se fosse um cateterismo, na qual um cateter aspira os coágulos para retirá-lo de dentro da veia. Logo depois, no lugar onde tinham os coágulos, colocamos um cateter que fica gotejando medicação, durante 24 horas, para terminar de dissolver esses coágulos, é o que chamamos de fibrinólise”.
O cirurgião explicou que a família tinha conhecimento de que a adolescente fazia uso de anticoncepcional para tratamento contra acne. A garota não apresentava histórico familiar da doença, além de ser magra – obesidade aumenta o risco. Até ontem à noite, o quadro clínico dela era estável. A previsão, segundo Seabra, é de que a adolescente tenha alta hoje.
O médico destacou que a trombose pode ser causada por diversos fatores como sedentarismo, além do uso de anticoncepcional, já que o estrogênio, hormônio usado em grande parte das pílulas, pode fazer com que o sangue coagule dentro das veias.
“A mulher é mais propensa, pois o hormônio feminino aumenta a chance de ter a trombose. Outro fator é o pós-operatório de cirurgias como plásticas, ortopédicas e bariátricas, por serem longas”.
Segundo Ilza Monteiro, ginecologista e vice-presidente da Comissão de Anticoncepção da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), cerca de 10 a cada 10 mil mulheres, ou seja, 0,1% pode ter trombose por conta do uso de anticoncepcional.
“O recomendável é que um médico avalie cada caso. Se a mulher se mantiver magra e ativa, esse risco é menor”, explica a médica.
Saiba mais:
Trombose
- A Trombose Venosa Profunda (TVP), condição conhecida popularmente apenas por trombose, é a formação de um coágulo sanguíneo em uma ou mais veias localizadas da parte inferior do corpo, geralmente nas pernas. É a forma mais comum da trombose.
- Além da trombose venosa profunda, existem também trombos que se formam nas artérias, bloqueando-as totalmente. Quando existe uma obstrução total das artérias do cérebro, por exemplo, ocorre o que é conhecido como acidente vascular cerebral (AVC). Nesses casos, a região em que o sangue não chega sofre um infarto cerebral e morre.
Causas
- A trombose possui várias causas e fatores de risco, como uso de anticoncepcionais ou tratamento hormonal; tabagismo; sedentarismo; gravidez; histórico familiar; obesidade, câncer; cirurgias como plásticas e bariátricas; presença de varizes.
Sintomas
- Rigidez da musculatura na região em que se formou o trombo, dor, calor e vermelhidão podem ser alguns dos sintomas.
Tratamento
- Uso de cateter para aspirar os coágulos; diluidores do sangue, como anticoagulantes, que diminuem as chances de haver coagulação do sangue; e inserção de filtros na maior veia do abdômen para impedir que os coágulos sanguíneos se desloquem para os pulmões.
Anticoncepcional e trombose
- O estrogênio, contido na formulação das pílulas anticoncepcionais, é o principal responsável pelo aumento do risco de trombose. Portanto, quanto maior a dose deste hormônio, maior é o risco de desenvolver a doença. Por mais que as consumidoras de pílula anticoncepcional possuam risco um pouco maior de desenvolver o problema em comparação a não usuárias, o risco é baixo, cerca de 10 para 10 mil usuárias ao ano (0,1%).
Risco por perfil de mulheres
- Na gravidez e no período pós-parto, as chances são de 3 a 6 vezes maiores que o risco atribuído ao uso de pílula anticoncepcional.
- O risco é maior acima dos 40 anos de idade.
Idade para usar a pílula
- Segundo especialistas não existe idade certa para começar a usar, porém, a indicação é a partir da primeira menstruação.
- Antes de usar a recomendação é que se consulte um médico para avaliar o método mais indicado.
Métodos contraceptivos
- Hormonais: anticoncepcionais combinados com estrogênio e progesterona, pílulas de progesterona, DIU com progesterona, anel vaginal, adesivo, injeção, implante de progesterona.
- Sem hormônios: DIU de cobre, diafragma, preservativos femininos e masculinos, tabela e coito interrompido.
- Todos os métodos devem ser acompanhados do uso de preservativo, que previne contra doenças sexualmente transmissíveis.
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