Abuso infantil, como prevenir
Pessoal, hoje vamos falar sobre esse tema polêmico que esteve em evidência durante os últimos dias, o abuso infantil. O assunto é forte, triste e impactante, ainda mais quando observamos os números. Somente em 2019, 17 mil crianças e adolescentes sofreram violência sexual no Brasil.
De acordo com o Ministério da Saúde, em 73% dos casos, o abuso sexual ocorre na casa da própria vítima ou do suspeito, que na maior parte das vezes é da família.
Já recebi muitos casos de pessoas que passaram por abuso na infância. Como vocês sabem, eu sou ginecologista e sexóloga e atendo muitos desses casos no consultório.
Essas pessoas costumam ter marcas profundas que bloqueiam e travam muitos aspectos da sua vida além da sexualidade. Isso é muito grave e essas pessoas precisam de um suporte psicológico intenso.
Sempre bato na tecla que a educação sexual é fundamental para a prevenção desses casos. Muitas vezes, a criança não conta por medo de brigarem com ela, por medo de não acreditarem nela e/ou por estar sendo ameaçada pelo agressor.
Muitas vezes, o abusador trata a criança “bem”, conversa com ela, dá atenção e a ludibria. Diz que entre eles existe um segredo que é só deles, cria um vínculo e oferece recompensas.
Às vezes, a criança percebe que tem algo errado. Como assim não posso contar isso pra ninguém? Ela começa a se sentir culpada e acaba ficando insegura.
E o que pode ser feito para evitar esses casos? Em primeiro lugar, fique alerta, vigie, observe se a criança está mais quieta, se está com alguma marca diferente no corpo, se mudou o comportamento, se está mais irritada ou agressiva e se está com dores em algum local do corpo.
Além disso, converse sobre sexo e sobre as mudanças no corpo. É comum que as crianças sintam prazer na área genital – que elas nem sabem definir o que é.
Muitas vezes, os pais se assustam e brigam com a criança, mas é importante destacar que orientação é fundamental.
Sempre que examino a área genital de uma criança, eu pergunto como ela se limpa, se sente algo diferente ali, falo que só quem pode mexer ali é ela e a pessoa que a ajuda na higiene, pergunto se alguém toca diferente, deixo ela falar. Oriento e recomendo que vocês façam o mesmo.
O grande alerta que temos que levar dessa situação é de que os pais devem falar de sexo com seus filhos e devem demonstrar interesse sobre o tema.
Isso é fundamental para prevenir o abuso sexual.
Existe uma diferença grande entre educação sexual e estímulo sexual, e as pessoas precisam se conscientizar disso. Pais, fiquem de olho nos seus filhos, vigiem, orientem e conversem. E sempre denunciem esses casos!
Se quiser falar mais sobre esse e outros assuntos relacionados à sexualidade, me encontre lá no meu insta @lorenabaldotto.