A Ufes e o começo de uma nova gestão
A Universidade Federal do Espírito Santo é um patrimônio de suma importância para a sociedade. De forma inusitada, coube-me, a partir do dia 23 de março, assumir o cargo de reitor desta instituição, com a missão de levar adiante um projeto de universidade que foi escolhido pela comunidade acadêmica, por meio de consulta democrática.
Inicio a gestão num momento extremamente atípico. Se há um mês a principal questão era assegurar verbas e buscar novas fontes de financiamento para a universidade dentro de um cenário de recessão e mudanças políticas, hoje devemos considerar todo o impacto econômico e social que a luta contra a Covid-19 vai causar.
Começo esta gestão em meio ao sentimento de frustração e indignação por não termos tido o desfecho desejado no processo sucessório para a reitoria.
O nome escolhido para o principal cargo de direção da Ufes, por voto direto e voto dos conselhos superiores, foi o da professora Ethel Maciel, então vice-reitora, que encabeçou a lista tríplice encaminhada, de acordo com a lei, à Presidência da República para nomeação.
De antemão sabíamos, pela experiência que vem se repetindo em algumas universidades brasileiras, que o nome mais votado pela comunidade universitária poderia não ser o escolhido na esfera federal. Por isso, cuidamos para conduzir à lista tríplice nomes alinhados ao projeto vitorioso, a fim de garantir que nossa universidade continuasse o percurso exitoso que vem fazendo.
Fiel ao compromisso assumido com o projeto vencedor, aceitei participar da disputa nos conselhos superiores, junto com o professor Rogério Faleiros, ambos apoiados pela professora Ethel.
Recebemos os votos que garantiram a composição de uma lista alinhada com a decisão da maioria dos estudantes, professores e técnicos. A nomeação do presidente da República, no entanto, não observou a indicação do primeiro lugar, cabendo a mim, como segundo integrante da lista tríplice, assumir o cargo de reitor.
Não me envaideço dessa nomeação nas condições atuais. Recebo-a com sentimento de dever para com a comunidade universitária, responsabilidade e consciência dos desafios. Sou muito grato a tantos que têm manifestado compreensão e apoio a mim nesta posição que, longe de ser confortável, se apresenta como um dos maiores desafios que já nos foram colocados.
Nos últimos anos, a Ufes alcançou vitórias importantes e nosso compromisso é continuar fortalecendo-a, mantendo-a próxima da sociedade, incrementando seu papel estratégico no desenvolvimento do Estado, promovendo o ensino, a pesquisa e a extensão de forma indissociada, com uma gestão participativa e transparente.
Que fique registrado o meu compromisso com a comunidade universitária e minha solidariedade à professora Ethel Maciel. Reafirmo minha certeza de que somente contribuirá para o progresso humano uma universidade pública, gratuita e de qualidade, comprometida com o desenvolvimento do conhecimento científico, filosófico, artístico e pedagógico, com os direitos humanos e a inclusão social.
Paulo Vargas é o novo reitor da Ufes